O Funk e a decadência brasileira

Uma crônica sobre o estilo musical que tomou conta do país.

A certeza imaginária

Uma reflexão sobre os comportamentos de quem encontrou a pessoa certa.

Magnólia

Três histórias surpreendentes em que todas acontecem no Edifício Magnólia no Rio de Janeiro.

Pais e Filhos

Um retrato de quem passou para a fase adulta sem esquecer dos valores de infância.

Dormindo com o inimigo

A violência contra a mulher é o tema principal deste artigo.

Pais e Filhos

Acho que a idade finalmente me alcançou. E no meu momento nostalgia, fico me lembrando das surras que eu levei do meu pai, e das vezes que apanhei da minha mãe. Lembro das tardes que minha mãe me fazia ler aqueles livros horríveis e depois eu tinha que fazer uma redação sobre aquilo que eu havia lido. Lembro com saudades das vezes que minha mãe me obrigava a dormir à tarde, para não dormir na aula na manhã seguinte, e  eu jamais havia entendido o porquê disso. Lembro das vezes que meu pai me comprava aquelas garrafinhas de Pepsi para eu levar para a escola, na época que ainda existiam tampinhas de metal, e na volta, quando ele ia me buscar na escola ele apertava minha mão com tanta força que parecia que ia quebrar minha mão quando eu errava a tabuada de 7 e eu o odiava. Lembro-me dos passeios, das voltinhas na quadra que eu morava e meu pai me falava: “Filho, tudo isso foi Deus quem fez”. E lembro-me das inúmeras vezes que meus pais me diziam: “Você só vai entender quando tiver seus filhos”. Pois bem, cresci, tive filhos e profeticamente eu entendi tudo. Hoje, depois que me tornei adulto, e vi como as coisas funcionam, vejo como é vã a ideia de que tudo irá melhorar depois que sair de casa. Que “agora que eu sair de casa, e for morar sozinho e não ter que dar a satisfação de onde vou e que hora irei chegar”, tudo será mais fácil, mais legal. E vejo que é um engano, um ledo engano, uma forma de mentir para si mesmo. Nascemos, vivemos e morremos sós, mas é o contexto que sempre irá importar. Os pais nunca dizem coisas para te machucar, para te magoar ou para te querer o mal. Eles, os pais, falam coisas que por mais que vocês, jovens, não gostem, irá te colocar num caminho bom, num caminho que (aceite ou não) é o certo. E hoje, trinta e um anos depois, eu lembro com saudades de tudo que passou, das broncas, e de tudo que passei, e lembro de quando meu pai me falava: “um dia você ainda vai me agradecer por isso”. Pois bem pai e mãe, eu agradeço todas as surras, sovas, e tapas que vocês me deram, porquê hoje e talvez apenas hoje, eu entenda, que isso me tornou a pessoa que eu sou, talvez vocês exagerassem um pouco, mas isso é só a opinião de um cara que passou por muitas e boas na vida, e que nas horas do maior perrengue, foi em vocês que eu me peguei pensando, e foi nessas horas que eu mais precisei do seu conselho ou talvez até dos seus tapas, que só agora eu vejo que não foram por mal. Há quem conteste? Sempre existe. Mas lembrem-se: seus pais são tão infantis quanto vocês. E erram tentando acertar. Como todo mundo.

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