O Funk e a decadência brasileira

Uma crônica sobre o estilo musical que tomou conta do país.

A certeza imaginária

Uma reflexão sobre os comportamentos de quem encontrou a pessoa certa.

Magnólia

Três histórias surpreendentes em que todas acontecem no Edifício Magnólia no Rio de Janeiro.

Pais e Filhos

Um retrato de quem passou para a fase adulta sem esquecer dos valores de infância.

Dormindo com o inimigo

A violência contra a mulher é o tema principal deste artigo.

Celeuma

E enquanto a tarde se arrasta no pouco frio mas brilhante sol de horário de verão, me encosto na janela olhando o movimento dos carros que vem e vão sem a menor consciência da minha existência. Olho distraído, esperando chegar minha encomenda, mas completamente apartado do resto de todas as coisas. Perdido numa confusão de pensamentos truculentos, outros lascivos e outros que não sei como se chamam. E eu que não sei lidar com sentimentos e pensamentos, fico aqui balançando entre a celeuma do telefone que toca e falácia da esperança que apenas se gasta, nesse buraco sem fundo que eu ainda ouso chamar de coração.

O futuro chegou

Lá atrás, nos anos oitenta, muito conjecturava-se sobre o futuro. "No futuro, os carros poderão voar. As pessoas irão se comunicar por meio de um telefone que pode ser levado para qualquer lugar. As televisões terão cores", e por aí se ia. Aconteceu que um certo dia, no finalzinho de 1990 chegava o tão sonhado celular no Brasil. Depois a banda B. Depois a C. E hoje no meio de tantos iPhones, notebooks avançadíssimos, impressoras que misturam até comida e todas essas traquitanas que fazem parte do nosso dia a dia, poderíamos nos perguntar: "Aquele futuro que os filmes mostravam é esse de agora?". Afinal, as vídeo conferências como foi mostrado no filme "O Demolidor" já estão muito mais avançadas. Cirurgias podem ser feitas em videoconferência, a partir de qualquer ponto do planeta. As telas "touch screen" como só haviam nos filmes existem em grande parte das casas e empresas hoje. Falta alguma coisa? Ahh falta sim: os carros voarem e serem guiados por um piloto automático. Mas não por muito tempo. Um belo dia, dois simples mortais resolveram abrir uma empresa chamada Google que simplesmente anos depois dominou o planeta. E em seu blog, foi publicado recentemente que os carros auto dirigíveis já estão em fase de teste. Quem leu ficou perplexo: "Sair por aí num carro sem motorista? Guiado apenas por um monte de circuitos e fios? Os computadores podem falhar. Nunquinha que eu vou."  E eu acho graça porque são provavelmente as mesmas pessoas que embarcam nos trens da linha 4 do metrô daqui de São Paulo, linha esta que não tem condutor, é totalmente eletrônica. São as mesmas pessoas que fazem saques e depósitos em caixas eletrônicos, confiando seu rico dinheirinho à programação benfazeja de uma máquina. Não devemos nos preocupar, logo estaremos acostumados com carros controlados à distância como no filme Controle Absoluto e voadores como nos do filme Minority Report. E nem morreremos por isso. Quero dizer, nem todos. A ficção começa a se tornar palpável e concreta. Enquanto isso, permanecemos nesse preâmbulo, rezando aos deuses, sejam eles divinos e binários para que tenham piedade e não deixem que sejamos dominados por máquinas cibernéticas, criadas pelas nossas próprias mãos.

Povo de Sucupira

Eu confesso que nunca me interessei por política até algum tempo atrás, mesmo vendo os absurdos eleição após eleição. E sempre fui contra a questão do voto obrigatório. Para mim deveria votar quem quisesse, e/ou fizesse questão. Aliás, voto poderia ser feito via internet. Ou através do pessoal do IBGE com aquelas maquininhas ultra modernas que fizeram o recenseamento. Camarada marcou o candidato, colocou o polegar ali e pronto. O voto estaria computado. Seria muito melhor, assim quem não sabe escrever não precisaria assinar.  Em dia de eleição é realmente aquela bagunça, ruas sujas, gente atropelando eleitores fazendo boca de urna na frente da escola, sem falar naquele frio lascado que fez em São Paulo no último três de outubro. Saí de casa, às quatro e meia da tarde totalmente contrariado para o cumprimento do dever. Quase fui pisoteado por um bando de moças e rapazes, uns entregando santinhos (ou seriam demoninhos) enquanto a outra trupe tentava arrancá-los da minha mão. Babel. Tudo isso para justificar o voto. Imagina se fosse para votar. Francamente, não deveria haver tanto sacrifício. Afinal, eleição só pode ser realizada em dia de domingo. Antes não. Era dia três de outubro e quinze de novembro e ponto final. Independente se fosse sábado, domingo, feriado ou dia santo. Agora temos que abdicar do nosso final de semana curto, suado e tão desejado para passar longos e tormentosos minutos (quando não horas) na fila (com chuva ou sol ou frio) para no final, indicar um candidato que nem sabe que existimos e que talvez nem saiba o que ele ou ela irá fazer lá dentro. Nossa política está recheada desses tipos, Odoricos modernos, pessoas que se candidatam ao trabalho público, para só depois saber no que irão trabalhar. Quando se trabalha. É só dar uma olhada nos nomes dos sufragados para se ter uma idéia. Palhaço analfabeto (ganhou disparado), prostituta, jogador de futebol, cantor pagodeiro troglodita e afins. São nas mãos destes que depositamos nossa confiança.  Política é coisa séria, ou pelo menos deveria ser, e não um passatempo para divertir o eleitor. Depois não venham me dizer que os políticos nada fazem ou que político não presta ou aquela lenga-lenga que ouvimos nas ruas quando algo de errado acontece. A culpa é deles sim. Mas a culpa maior é do eleitor. É sua e minha que colocamos lá dentro gente despreparada no exercício da função. Culpado, culpado, culpado. Entendeu abestado?

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