Em tempos de miojo

Ele se senta em sua cadeira preferida. Se senta ali porque é o lugar mais digno que há para sentar em sua pequena kitnete. Abaixo daquele nível há apenas o chão. Enquanto olha o movimento das pessoas que passam apressadas na rua, apenas um andar abaixo do seu, uma pequena panela ferve água para mais uma refeição rápida.
Ele desiste de olhar a rua, larga a cadeira ali mesmo onde está e vai para sua cozinha. A desordem é quase total naquele cubículo apertado que ele ainda tem coragem de chamar de cozinha. E é pela fraca claridade de uma lampada de poucos watts que ele vê a água começar a borbulhar. Primeiro bolhas bem pequenas. Agora um pouco maiores.
É neste momento que ele começa a relembrar. Se lembra com saudades da época que era um banqueiro muito rico. Começa a se lembrar da sua enorme casa, sete quartos amplos, todos suítes, três salas com tudo que havia de mais moderno. Inevitavelmente vem à sua lembrança, os restaurantes caríssimos que ele frequentava e que por diversas vezes achou até imoral o valor que pagava por um daqueles pratos, mas o dinheiro entrava mais rápido do que ele podia gastar.
As lembranças vêm com força, causando uma avalanche de emoções diversas, e involuntariamente uma lágrima rola pelo seu rosto agora tão marcado pelo sofrimento de alguém que já teve tudo mas que um dia acordou sem nada.
É impossível não olhar a água fervendo, enquanto ele segura com a mão direita o seu miojo. Junto com a fumaça que sobe, algumas lembranças começam a se dissipar. Mas o que ele mais sente falta é da mulher. A mulher, sua companheira de tantos anos que foi embora quando o dinheiro parou de chegar.
E ali, na penumbra, ele saboreia sua última refeição. Miojo com sabor de saudade, mergulhado em desesperança e temperado com sal de lágrimas solitárias.

14 comentários:

Anderson como sempre escrevendo muitooo bem ....

Muito legal continue sempre assim.
Vc tem um talento que poucos possuem....

beijos de sua amiga Ana

parabéns!! sem comentarios....
Quando fizer seu livro me avise
Saiba que serei uma das milhares
De fãs, que vai ter com Serteza...

Um grande beijo de
Sua amiga Lúcia

Nao conseguir mim controlar ao ler o comentário de Lucia foi de grande susto ao ver: (com serteza),nao quero ser a sabidona, pois assim como qualquer um também cometo erros,mas garanto que nao desse tipo.foi estremamente um escandalo em pleno seculo XXI cometer um erro tao evidente assim...

Peraê, peraê...

Está atrasado este comentário, e comento só agora porque hoje decidi procurar uma certa crônica na internet... e vim parar aqui. Mas é o seguinte: a colega anônima cometeu erros gramaticais tão grosseiros quanto a outra a que se referiu. Pior do que os erros gramaticais, a colega anônima demonstrou não ter a menor noção da realidade sócio-cultural brasileira . Demonstrou sobretudo uma lamentável insensibilidade para com quem tem menos acesso à educação, e também para os péssimos padrões de educação daqueles que têm, sim, acesso.

E em segundo lugar, e mais importante, meu amigo autor, eu acho que este seu pequeno texto bebeu, digamos, muitíssimo, de um outro texto, de cujo Autor eu não me lembro o nome (já faz uns 15 anos que li). O título do texto é o mesmo (ou com mínima variação), e a temática exatamente a mesma, acho que o seu texto está mais curto, me lembro de detalhes que não li aqui no seu. A não ser que o senhor seja efetivamente o autor original (o texto que eu li estava em um livro didático de língua portuguesa, do Ensino Fundamental), o senhor não deveria colocar esse texto aqui sem fazer mínima referência a quem o escreveu (ou na essência o fez). Vou olhar o resto do seu blog, e vamos ver o que achamos aqui.

Como na vida real rsrs...beijos...Janaina

Venho aqui defender meu amigo Anderson. Um cara muito culto que sempre gostou de escrever, entre os amigos sempre foi o cara cabeça. Acusar de plágio um texto tão brilhante é no mínimo sinal de ignorância. Não ignorância de burrice, mas sim por falta de informação e pesquisa. O colega Samir deveria dar uma lida nos demais textos antes de acusar o amigo Anderson por plágio. Se tivesse lido os demais posts, notaria que todos seguem um mesmo estilo de linguagem, claramente criados por um único autor. Parabéns, Anderson! Continue fazendo esses textos maravilhosos. E aos críticos de plantão, informem-se primeiro antes de atirar a primeira pedra, para que a sua crítica seja mais construtiva.

FAzia muito sucesso, adorei o texto, com certeza deve ter servido p alguém!!!!!

também li um texto muito parecido com esse num livro do ensino fundamental e inclusive estava procurando ele quando encontrei este...

Eu tambem li um texto muito parecido com esse num livro didatico e tambem estava a procura dele quando vir parar aqui

Esse texto é sim praticamente identico ao texto que li no ensino fundamental " Em tempos de miojo",e possui algumas frases diferentes.
No original ele falava que sempre ia em um restaurante melhor e mais distante e que sempre carregava alho mais nos bolsos....que eles cantarolavam. Money money do filme musical Cabaret....e que nos tempos dificeis cpmecaram a frequentar os rodizios de pizza para economizar . Pena eu não lembrar o autor,mas acho que se deveria,minimo,fazer menção ao texto orinal que por sinal não marcou só a mim.

Esse texto é sim praticamente identico ao texto que li no ensino fundamental " Em tempos de miojo",e possui algumas frases diferentes.
No original ele falava que sempre ia em um restaurante melhor e mais distante e que sempre carregava alho mais nos bolsos....que eles cantarolavam. Money money do filme musical Cabaret....e que nos tempos dificeis cpmecaram a frequentar os rodizios de pizza para economizar . Pena eu não lembrar o autor,mas acho que se deveria,minimo,fazer menção ao texto orinal que por sinal não marcou só a mim.

Se achar o livro me diz, por favor, também vim aqui para tentar achar ele.

Meu sonho é achar esse livro

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