O Funk e a decadência brasileira

Uma crônica sobre o estilo musical que tomou conta do país.

A certeza imaginária

Uma reflexão sobre os comportamentos de quem encontrou a pessoa certa.

Magnólia

Três histórias surpreendentes em que todas acontecem no Edifício Magnólia no Rio de Janeiro.

Pais e Filhos

Um retrato de quem passou para a fase adulta sem esquecer dos valores de infância.

Dormindo com o inimigo

A violência contra a mulher é o tema principal deste artigo.

Sem volta

A aula segue o fluxo que eu imaginava que seria, até que de repente somos surpreendidos por um barulho muito forte, constante e que aumenta cada vez mais. Olho para a porta de vidro e lá fora tem uma babel de pessoas. É impossível conter a curiosidade e vamos todos para a porta ver o que há lá fora que desperta tanta atenção das pessoas. Do alto vem um helicóptero, enorme, branco, preto e vermelho. Águia 4 da polícia militar. O que será que aconteceu? Fernandinho Beira-Mar escapou e veio pra São Paulo? Outra rebelião de presos que conseguiram escapar e estão sendo perseguidos pela polícia? Será que começou mais uma guerra mundial? Diversas viaturas fecham a rua nos dois sentidos e a quantidade de gente aumenta. O helicóptero pousa no terreno vazio, levantando uma coluna de poeira, lixo e tudo que é porcaria que a população joga ali naquele terreno abandonado por tudo e todos. Um pouco mais abaixo na rua o acidente. Duas motos se chocaram de frente em alta velocidade. Os dois pilotos ali deitados inertes no asfalto. É um resgate. E os dois pilotos então sobem cada vez mais alto no céu. Um de helicóptero, o outro não precisou dele. E enquanto todo mundo se choca e olham perplexos para aquela cena que em outro lugar poderia ser surreal, mas que aqui na zona sul de São Paulo virou parte do cotidiano da megalópole, eu fico fazendo um monte de perguntas mentais. Quem eram essas pessoas? Quais os sonhos que elas tinham? O que será que pensaram no último segundo quando viram que aquele acidente não poderia mais ser evitado? Como não tenho respostas fico imaginando as famílias. Oito da noite. Arroz no fogo. A criança pergunta: “Mamãe, por que o papai tá demorando?” e a mãe diz que talvez ele tenha ficado até mais tarde no trabalho fazendo hora extra. Liga para o celular do marido, mas está desligado. Batidas na porta. Polícia? O que aconteceu? Ela abre já pressentindo o pior e tenta sem sucesso driblar a lágrima que já brota. “Dona fulana, não temos boas notícias, o seu marido, ele infelizmente, bem, ele...
Acordo do meu devaneio quando as viaturas liberam a pista nos dois sentidos e vejo o tamanho do engarrafamento causado. Nenhuma novidade. Mas volto completamente sem clima para a aula, pensando no que acabou de acontecer. Sei que já deveria ter me acostumado com esse tipo de coisa, afinal, é tão freqüente por aqui, mas existem certas coisas que não dá pra acostumar. Nem aceitar.

She

Já passa da meia noite e eu não consigo parar de olhar aquelas fotos. Também não me sai da cabeça todos os momentos. Tenho memória fotográfica que quase nunca falha e quando nas raras vezes que falha, o computador se encarrega de fazer funcionar. E enquanto eu ouço “We Just don’t care” em volume máximo (nos meus fones super potentes, para não acordar os vizinhos extremamente chatos) e as fotos rolam soltas pela tela, eu me lembro de tudo. Ela entrando pela sala com jeans e blusa preta, com mochila nas costas, o primeiro toque de mãos, o primeiro beijo enquanto esperamos a porta do elevador se abrir, o medo (?) de alguém pegar a gente ali, o primeiro avião que vimos pousar lá em Congonhas quando estávamos lá no alto olhando o aeroporto depois que saímos da igreja quando sei que entendemos dez por cento do que o pastor falou em inglês, quando fomos junto pela primeira vez naquela igreja que todo mundo falava tudo menos português, e eu comprei aquele livro naquela banca de revistas, que paramos só para carregar meu celular. Aquele livro que jamais abri novamente e só comprei para sei lá, quem sabe impressionar, ou enfeitar minha estante, porque a capa era bonita, mas a historia nem era tão interessante assim, já que eu já havia visto o filme e sabia o enredo de cor. E agora que ela está viajando, e a essa hora da madrugada já deve estar no décimo sono (e eu pentelho fico mandando torpedos SMS), eu fico aqui lembrando de todos os detalhes. Sua blusa branca esvoaçando enquanto caminhamos demãos dadas por um parque, enquanto eu a beijo tanto que seu brinco se perde, lá em cima na roda gigante, quase cinqüenta metros do chão, e a gente não sabe nem mesmo por onde começar a procurar, se é que isso será possível. Já passa das nove da noite, e amanhã cedo teremos que acordar cedo para começarmos mais um dia, e nossas roupas molhadas nos trazem frio, mas ela não quer continuar a usar meu agasalho, que eu ofereço de coração, talvez por não saber que explicação dar, já que sua bolsa é tão pequena, mas isso não importa. O que importa é sentir novamente aquele cheiro inconfundível, que só aparece quando ela está por perto, e transforma meu dia, minha semana, meu mês. Aquele cheiro que dá vontade de ficar beijando pelo resto da vida, mas não dá porque agora que ta em época de copa, o jogo do Brasil já acabou e temos que voltar aos nossos trabalhos, ignorando tudo ao redor, quando tudo que queríamos eram reprises de tudo que aconteceu nesses noventa minutos onde esquecemos tudo e todos. Nosso amor, meu queixo ferido de mordidas, o lençol desmanchado pelas marcas da manhã, e no final ela dizendo: “desculpe pela bagunça que eu deixei para você arrumar”. Que se dane a bagunça, eu quero mesmo é saber quantos minutos faltam para ela voltar, para me amar aqui novamente, e dizendo naquele sorriso mais lindo do mundo, que me ama e que sentiu minha falta, e que nada mais importa, desde que estejamos juntos. Tudo que quero é vê-la se queixando da comida do shopping que veio muita e que ela vai deixar os tomates pra lá por que já se encheu, mas ainda tem muito no prato, e eu não consigo ajudar porque a minha veio mais ainda e eu já não agüento mais. Tudo que quero é ver aquele sorriso, ousado, enquanto ela enche minha boca de torta de limão só para sentir aquele gosto que não vem de uma colher e depois iremos direto para o meu quarto onde nosso amor fala mais alto que todos os idiomas e que o tempo parece passar tão rápido que as horas parecem ter vida própria mas duram apenas trinta segundos. E agora que a noite chega quase ao seu fim, eu penso e repenso em tudo que aconteceu, e vejo que não poderia estar mais feliz. Feliz porque vivo talvez pela primeira vez em tanto tempo algo que sei que não existe só no meu mundo delirante de idéias e imaginação. Ela existe e se importa. E já não me interessa mais os desatinos ou se dirão que estou louco ou se estou em uma de minhas metonímias. O que me importa é sentir seu cheiro no meu travesseiro enquanto eu tenho que virar de lado porque seus arranhões no meu peito, barriga e costas não me deixam dormir direito, porque doem a cada movimento e meu desejo é somente acordar de madrugada sentindo aquele corpo lindo, gostoso e maravilhoso ali, aninhado em meus braços, enquanto respiro fundo o cheiro do seu cabelo que invade cada célula do meu ser. E quando vejo que isso talvez não passe de um sonho, tão pertinho de chegar ao seu clímax, eu acordo e numa prece silenciosa agradeço por um presente tão divino, uma graça tão colossal (adoro a palavra “colossal”, é raro as chances que eu tenho de dizer, mas eu adoro) que parece nem mesmo existir. Pelo menos até meu telefone tocar novamente e eu ver aquele número que tanto alegra o meu dia. Mas como está tão tarde, prefiro dormir. Com um pensamento apenas na lembrança. Hoje eu preciso te encontrar de qualquer jeito nem que seja só pra te levar pra casa, depois de um dia normal, olhar teus olhos de promessas fáceis e te beijar a boca de um jeito que te faça rir. Hoje eu preciso te abraçar sentir teu cheiro de roupa limpa, pra esquecer os meus anseios e dormir em paz. Hoje eu preciso ouvir qualquer palavra tua qualquer frase exagerada que me faça sentir alegria em estar vivo. Hoje eu preciso tomar um café ouvindo você suspirar me dizendo que eu sou o causador da tua insônia, que eu faço tudo errado sempre. Hoje preciso de você, com qualquer humor com qualquer sorriso, hoje só tua presença vai me deixar feliz, só hoje.

Previsão do Tempo

E já que agora é oficial, o inverno chegou pra valer, derrubou todas as temperaturas e pintou o céu de cinza, fazendo os dias ficarem mais curtinhos e agradáveis. Acho que apenas para mim. Mas junto com a melhor estação do ano, vem também um lembrança ruim. A dura realidade dos que moram nas ruas. Já fazia alguns dias que eu via aquela senhora moradora de rua deitada sob uma pequena marquise na porta de um banco, na Avenida Adolfo Pinheiro aqui em São Paulo, com um cobertor velho, rasgado e puído tentando se abrigar do frio. Eu tinha vários cobertores e edredons que nem usava, e prometi a mim mesmo que traria um ou dois para aquela senhora. Minha vontade era de levar todos, mas ela não tinha como carregar aquilo durante o dia. Os que moram nas ruas carregam muito peso em seus sacos. Quando cheguei em casa naquele tempo, por volta das onze da noite, esqueci completamente daquela mulher e dormi um sono profundo. Quando amanheceu não me lembrei mais uma vez, apenas fui me lembrar quando passei outra vez na noite seguinte e a vi deitada em caixas de papelão na frente do mesmo banco, no mesmo lugar. Uma semana se passou sem que eu fizesse alguma coisa por ela. No domingo, eu me lembro bem, fez muito frio, algo em torno de quatro ou três graus e enquanto eu retirava os cobertores para poder dormir me lembrei daquela velha senhora. Encontrei uma embalagem, dobrei um cobertor e um edredom que eu não usava mais e deixei junto com as coisas que levava para o trabalho. Quando saí e ia para casa, por volta de umas dez da noite, fui apressado, ansioso para encontrar a velha e dar um pouquinho mais de conforto para ela. Ela não estava lá. “Puxa, logo agora ela resolve mudar de lugar”, pensei. Olhei ao redor e vi mais adiante, outras pessoas tentando se abrigar do frio cortante. Parei em frente a dois homens já bêbados que tiritavam de frio, perguntei sobre a mulher, ao que um olhou para o outro e a resposta demorou a acontecer. Eles não sabiam quem era e quando eu dava as informações que havia registrado rapidamente sobre ela, uma mulher no canto, pouco distante dos dois homens falou. Eu não havia percebido que tinha uma outra pessoa ali, pensei que fosse só um monte de caixas de papelão empilhadas. “Você está procurando aquela senhora? É parente dela?” ela me perguntou e eu disse que não era parente, apenas havia trazido um agasalho para ela. “Ela morreu ontem”, disse a mulher e meu coração quase parou. “Morreu de frio, mas eu posso ficar com esse cobertor?”. Eu estava petrificado demais para responder, e só me lembro de ter levantado e ir embora, deixando o pacote para trás. Há nove anos aquela imagem da velhinha deitada tentando se abrigar do frio me persegue, junto com uma sensação de culpa por não ter feito nada. Depois disso, sempre que posso, ajudo a quem precisa sem ter que esperar tanto tempo. Ajudar, às vezes custa bem menos do que você imagina. Faça sua parte, doe alguma coisa a quem precisa, e veja como é boa essa sensação. Ou então não faça nada, fique em sua casa abastada, quentinha, com tudo que precisa para viver, e conviva com a mediocridade por não ter feito nada. Não sabemos o dia de amanhã e muitas vezes as coisas mudam de lugar. Ajude a quem precisa. Doe um agasalho.

Inverno

Dia vinte e um de julho é para mim um dos melhores dias do ano, porque é quando começa oficialmente o inverno. É a melhor época do ano. Tempo de renovação, finzinho de um ciclo. É hora de tirar os edredons do guarda-roupas, de me enfiar em camadas e mais camadas de roupas. É tempo de céu cinzento, chuvinha fina, e vontade de apenas ficar sentado no sofá enrolado no cobertor, sentindo as pernas quentinhas da minha namorada super sexy se enroscarem nas minhas, enquanto ela faz um malabarismo para se virar e morder o meu queixo. Inverno é tempo de casa quente, aquele cheiro de comida invadindo o ambiente. E nesse ano, que está sendo o melhor de todos, inverno fica ainda mais agradável. Porque acordo já sabendo que a França foi eliminada da copa (que delícia), que o jornal já está na minha porta com o saquinho molhado do orvalho, que ela vem amanhã de novo pra terminarmos de comer aquela torta maravilhosa que somente ela sabe fazer, e que sexta mais uma vez estaremos juntos para ver o jogo do Brasil e se der, ainda soltar o grito de gol. Inverno é tempo de galhos secos, tempo de planejar o que fazer da vida e pensar nas férias. No inverno as pessoas ficam mais bonitas, mais bem vestidas, as ruas estão mais vazias e tudo “parece” entrar nos eixos. Inverno é assim, tudo de bom, pelo menos até setembro.

Os outros

Meu celular toca desesperado em algum lugar do meu quarto, um lugar que eu não tenho a menor idéia de onde seja. Estou afundado no meu headset super potente, jogando meu jogo favorito no meu super computador e não estou nem aí para celular. É tarde e a essa hora, a única pessoa que me interessa falar, já deve estar dormindo. Então numa percepção quase que extra sensorial eu retiro os fones super potentes e abro a porta do quarto. A luz do telefone está quase se apagando. Olho e vejo que tem mensagem, mas que estranho, não conheço aquele número. Ops, eu conheço esse número, mas não me lembro dele, porque é um número que fiz questão de apagar da lembrança. A mensagem diz que sente minha falta e que quer falar comigo. Como não me lembro de quem é o número, deleto sem nem me dar o trabalho de querer saber quem é. Menos de cinco minutos se passam e o aparato trabalha de novo. Uma ligação. No meio da noite. De um número restrito. Odeio ligações de números restritos, porque me deixa com a sensação de impotência, vira um elemento surpresa e eu não gosto de surpresas. Só as que vêm em embrulhos pequenos (como dizia John Gray). Então ela diz: sou eu, a fulana. E quando eu pergunto qual fulana ela só responde: “seu ex amor”. Puta que o pariu. O que essa fulaninha tá querendo agora? Ela quer conversar, quer que sejamos amigos, como a gente era antes da presepada toda. Mas não dá. Digo que não posso ser seu amigo, porque não confio nela. Nunca confio numa loira que saiba cruzar as pernas. E numa fração de segundo eu me lembro do choro e do ranger de dentes quando eu soube da verdade pouco menos de um ano atrás. Me lembro também das vezes que me desabafei com meu ex “amigo”, sem saber que era ele que na verdade estava me apunhalando pelas costas, ouvindo meu desespero e esquecendo instantes depois quando estava nos braços dela. Malditos traidores. Que queimem no inferno. Quero ficar com raiva, quero ficar irado, quero sentir raiva, ódio e sofrimento quando aquela lembrança passa, mas estranhamente, eu simplesmente começo a rir. Aquele riso gostoso porque eu me lembro agora que já não sinto mais nada. Nada, nadica de nada. Apenas tenho vontade de abrir a geladeira e comer todos os potes de sorvete que eu comprei há dias, mas que nunca nem desembrulhei. Olho para o porta-retrato do lado da minha TV e vejo aquele sorriso mais lindo do mundo, e então percebo que tudo aquilo, as ligações, as mensagens e emails passados, junto com tudo pelo que passei, pelo que chorei e pelo que eu sofri, foram pontes que me conduziram para o bem maior, para alguém que realmente valesse a pena. Alguém que estivesse sempre comigo, que fosse interessante, linda, absurdamente inteligente e que estivesse afim do mesmo que eu. Corro os dedos pela sua face protegida pelo vidro, desligo o computador e corro para minha cama, onde seu cheiro ainda está no travesseiro, lembranças da manhã. Respiro fundo e adormeço, querendo que a noite passe logo pra gente se ver mais uma vez. Essa parte da minha vida, essa pequena parte, se chama: felicidade.

Copa do mundo

Comprei uma camisa do Brasil. Não porque acho que o Brasil leva a copa, mas porque tá no clima de “É hexa”. Quem fica com o caneco é a seleção do Dieguito. Certeza. Mas nada como esperar quatro longos anos para ver as maravilhas da copa. A França com grandes chances de pipocar logo na primeira fase, a Alemanha perder pra Sérvia (que absurdo!), além da fuzarca generalizada das torcidas com suas vuvuzelas em meio às beldades maravilhosas, lindas, louras e de curtíssimas roupas laranja torcedoras da Holanda. Haja coração. E tudo por culpa de quem? Jabulaaaaannniiiiiiiiii. Queria saber quanto é que o Cid Moreira embolsou pra fazer aquela pataquada toda. E enquanto o “time do Dunga” vence, mas nem um pouco convence, eu sigo acordando cedo e vendo o show à parte dos demais times. Maluquinho da silva para vestir a camisa verde e amarela, mas sabendo que no final, vou mesmo é voltar na loja e comprar uma listrada de azul celeste e branco. Só espero que minhas duas seleções preferidas só se encontrem na final. E pelo amor de Deus, cortem a energia lá de casa quando o Dieguito desfilar pelado.

Pontos Cegos

Eram onze da noite e ela me mandou um torpedo me dizendo que não pode me atender (?), enquanto eu não agüento mais ser ignorado. Cogita terminar tudo já que pra mim não é suficiente esse negócio de apenas “ficar”. Nunca gostei dessa história de “ficar”. Comigo a coisa ou fica séria ou vira estatística. Sempre foi assim e desta vez não seria diferente. Sou intenso demais para querer só a saladinha. Não sou homem de pouquinhos e tampouco de escondidinhos. Tem que ser escancarado e sem medo. Detesto medrosos. De repente, olho pela janela da sala e chove pontos de interrogação no vidro. Pontos de interrogação enormes, e me lembra aquela cena do filme Magnólia quando chove sapos por todo lugar. A previsão do tempo é uma merda. Vinte e quatro horas antes havia prometido chover pontos de exclamação, mas não foi o que aconteceu. Por isso estou aqui na janela vendo os pontinhos caírem. Subitamente vira tempestade, temporal, e os pontinhos de interrogação, agora são pontões enormes, que batem no vidro até trincar. Os pontinhos, agora pontões descem enxurrada abaixo, e ficam rindo da minha cara. Quero meu remédio para dormir, dormir um sono vazio e sem cérebro para não sonhar com nada nem ninguém. Onde está o meu querido Lexotan, minha pequena cápsula que me desliga quase que instantaneamente? Achei. Acordo muitas horas depois me sentindo bem, nem me lembrando do torpedo da noite anterior, que agora já não sei se foi de verdade ou foi uma daquelas mentirinhas que vem só pra me fazer sangrar. Não era a tal mentirinha, era pra valer. Ligo e ela não atende, envio torpedo que não é respondido. Ahh, quer saber, pra mim chega. Aperto o botão que mais gosto no celular, aquele que desliga. Pronto, estou off, estou protegido aqui na minha cabana imaginária, sem contato algum com o universo lá fora e protegido de burrices, indecisões e pontos cegos. Mais uma trava, mais um trinco e pronto. Já posso gritar o foda-se a plenos pulmões que só eu vou escutar. Agora é só trancar o cadeado e começar a cuidar da minha vida.

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