O Funk e a decadência brasileira

Uma crônica sobre o estilo musical que tomou conta do país.

A certeza imaginária

Uma reflexão sobre os comportamentos de quem encontrou a pessoa certa.

Magnólia

Três histórias surpreendentes em que todas acontecem no Edifício Magnólia no Rio de Janeiro.

Pais e Filhos

Um retrato de quem passou para a fase adulta sem esquecer dos valores de infância.

Dormindo com o inimigo

A violência contra a mulher é o tema principal deste artigo.

Os "band-aids" da alma

Ontem eu estava na cama pronto para dormir, apenas esperando a boa vontade do sono chegar. Não resisti à tentação, peguei a caneta e comecei a escrever.
Eu estava pensando em uma cadeia de eventos que aconteceram comigo recentemente e comecei a perceber quanta sintonia há entre a mente e o corpo da gente.
Sempre me chamou muito a atenção, o fato da regeneração. Nosso corpo está o tempo todo se regenerando. Cortamos um dedo hoje e em quatro dias só tem a cicatriz, às vezes nem isso. E quando se tem um “band-aid” aí é que a coisa acontece rápido mesmo. Nos regeneramos.
Na verdade eu quero falar sobre a regeneração da mente, da alma. Muitas vezes temos decepções, coisas que nos chateiam, pessoas que nos enganam, nos traem (e traem a si próprias!), que nos ferem e nos fazem chorar. Abrem vazios em nossa mente e criam feridas que às vezes levam anos, meses, às vezes apenas horas para sararem.
Mas assim como nosso corpo, nossa mente trabalha rápido para manter o equilíbrio e a unidade. Claro que com algumas pessoas o processo é mais lento. Mas quando menos esperamos, surgem pessoas que tem o poder de nos trasladar dessa aura triste para um mundo novo, diferente, que está a um palmo dos nossos narizes e nós, cegos, inflamados com causas impossíveis ou perdidas não vemos o óbvio.
Essas pessoas são os “band-aids” da alma. Chegam na hora exata, nos reconfortam, recarregam nossas baterias que acabamos gastando (ou alguém gastou) e nos fazem ver as coisas de uma perspectiva diferente, sobre um novo prisma.
Foi pensando nestas pessoas (ou será que são anjos?) que eu me lembrei de um trecho do filme O Senhor dos Anéis, quando Galadriel diz ao Frodo Bolseiro: “Eis que lhe dou Eleandil, nossa estrela mais bela. Que haja uma luz para você quando todas as outras tiverem apagado.”
Estas pessoas merecem palmas pelo simples fato de existirem. A vocês, um tributo silencioso pelo seu trabalho involuntário de salvar nossas vidas.

Vicissitudes Anacrônicas

Por esta eu realmente não esperava. E quando terminei de ouvir, completamente embasbacado, o queixo a poucos centímetros do meu peito e a boca aberta, eu soltei uma gargalhada sonora. Só consegui dizer: “é mesmo verdade?” e após a confirmação dela eu finalizei o assunto com o vago: “sem comentários”.
Essa minha amiga (que eu não irei revelar o nome por motivos óbvios) estava me contando que finalmente havia encontrado o seu príncipe encantado, e que agora havia achado a solução perfeita para o seu casamento se tornar perfeito. A solução era na verdade bem simples: haviam se ”casado” a dois meses, mas vivem em casas separadas. Eu já havia ouvido esse tipo de idéia, mas confesso que nunca tinha visto ninguém colocar este plano em ação.
Duas coisas me chamaram a atenção naquela conversa: a primeira foi que o tal casamento já havia acontecido há dois meses. Na verdade não foi um casamento. Eles simplesmente resolveram ajuntar os chinelos debaixo da cama. E no caso dela é ainda mais complicado, já que é o quinto “casamento” dela em doze anos. Dá pra acreditar? Cinco!
A segunda coisa foi a falta de compromisso. Não me importa os predicados que recebo ou receberei por dizer isto, mas, sinceramente, acho que este tipo de relação é uma tremenda falta de compromisso. Já que é para fazer, faça completo, faça bem feito, faça direito. Vejo pessoas vivendo uma relação de concubinato a dez, quinze, vinte anos ou mais. Ainda não entendo por que não se casam de verdade uma vez que oficializar a relação não trará mudança alguma às suas vidas. Ou trará.
Estamos vivendo em um mundo, uma sociedade onde os valores morais se tornaram anacrônicos. Homens não querem assumir mais este tipo de relação, porque “se não der certo, a gente separa”. Mulheres não querem se comprometer, porque “se casar de verdade fica mais caro e trabalhoso para divorciar”.
Muitas pessoas querem se envolver, mas poucas querem se comprometer. É muito mais fácil viver uma relação de mentirinha. É mais fácil angariar o rótulo, mas viver de verdade o compromisso é outra história.
Fui criado em uma família tradicional que sempre pregou o fundamentalismo. Talvez seja por isso que em pleno século vinte e um eu ainda tenha me apegado a estes antigos conceitos. Continuo achando que o casamento é uma dádiva que deve ser contemplada de maneira certa, de acordo como manda o figurino e não uma loteria, um jogo de azar como muitos hoje estão encarando.
Por isso estranho este tipo de casamento “moderninho”, onde o homem e a mulher se encontram esporadicamente para se satisfazerem sexualmente, para resolver algumas coisas de ordem pessoal e financeira e pronto! “Agora meu amor, vá para a sua casa que eu irei para a minha”.
Esse tipo de relação não dá. Não para mim. Acho estranho. Viver apenas os momentos bons, esse é o lema. Na hora que os problemas fazem surgir os torvelinhos, “então meu amor, melhor resolvermos isso assim, separados”. Está na hora de mudar o discurso do “casamento”. Talvez ficasse melhor assim: “na saúde, na alegria, na riqueza e na felicidade, até que o tédio os separe”. As partes chatas deixamos par os tradicionalistas. Eu devo mesmo ter nascido na época errada. Ou então não estou no planeta certo.

Em tempos de miojo

Ele se senta em sua cadeira preferida. Se senta ali porque é o lugar mais digno que há para sentar em sua pequena kitnete. Abaixo daquele nível há apenas o chão. Enquanto olha o movimento das pessoas que passam apressadas na rua, apenas um andar abaixo do seu, uma pequena panela ferve água para mais uma refeição rápida.
Ele desiste de olhar a rua, larga a cadeira ali mesmo onde está e vai para sua cozinha. A desordem é quase total naquele cubículo apertado que ele ainda tem coragem de chamar de cozinha. E é pela fraca claridade de uma lampada de poucos watts que ele vê a água começar a borbulhar. Primeiro bolhas bem pequenas. Agora um pouco maiores.
É neste momento que ele começa a relembrar. Se lembra com saudades da época que era um banqueiro muito rico. Começa a se lembrar da sua enorme casa, sete quartos amplos, todos suítes, três salas com tudo que havia de mais moderno. Inevitavelmente vem à sua lembrança, os restaurantes caríssimos que ele frequentava e que por diversas vezes achou até imoral o valor que pagava por um daqueles pratos, mas o dinheiro entrava mais rápido do que ele podia gastar.
As lembranças vêm com força, causando uma avalanche de emoções diversas, e involuntariamente uma lágrima rola pelo seu rosto agora tão marcado pelo sofrimento de alguém que já teve tudo mas que um dia acordou sem nada.
É impossível não olhar a água fervendo, enquanto ele segura com a mão direita o seu miojo. Junto com a fumaça que sobe, algumas lembranças começam a se dissipar. Mas o que ele mais sente falta é da mulher. A mulher, sua companheira de tantos anos que foi embora quando o dinheiro parou de chegar.
E ali, na penumbra, ele saboreia sua última refeição. Miojo com sabor de saudade, mergulhado em desesperança e temperado com sal de lágrimas solitárias.

O livro dos dias

Já haviam se passado alguns dias do meu aniversário de vinte e sete anos. Sou do signo de aquário, primeiro dia, vinte e um de janeiro. E como bom aquariano teimoso, resolvi me dar um presente. Uma viagem. O problema era saber para onde. Eu ainda morava em São Paulo e num dos intervalos das minhas aulas eu abri o Google Earth. Para quem não conhece, o Google Earth é um programa onde podemos ver a terra atraves de imagens de satélites. Fiquei ali, simplesmente viajando por lugares que tenho facinação de conhecer. Primeiro eu “voei” para Oslo, na Noruega, depois para Estocolmo, na Dinamarca e fiquei por aquela região mais nórdica da Europa. E então eu encontrei.
Eu já estava no leste europeu, em Praga na República Checa quando pensei em voltar um pouco mais. Foi quando vi um país, Islândia (Iceland). Dei um “zoom” e encontrei a capital, Reykjavik. É a cidade mais linda do mundo. Um dia eu irei morar lá. Comecei a pesquisar sobre a cidade no site Wikipedia.org. Descobri que no inverno os dias só duram quatro horas e no verão as noites não existem. Aprendi sobre os gêisers e sobre bárbaros. Eram centenas de novas informações mas uma em especial me chamou a atenção. (É impressionante a riqueza de conteudo informativo que encontramos online!)
O que me chamou a atenção foi o fato de os islandeses levarem muito a sério as suas origens. As pessoas tem uma verdadeira obsessão por árvores genealógicas. Existem pessoas que montam suas árvores que os levam de volta no tempo por muitos e muitos anos, vários séculos. Pode-se saber muito sobre uma pessoa apenas pela sua árvore genealógica. O futuro islandês é sempre uma consequência das pontes do passado.
É verdade que aqui no nosso país não damos talvez a importância adequada às nossas árvores genealógicas. Mas deveriamos levar em consideração um aspecto: daqui a alguns anos (ou centenas deles!) o que a árvore genealógica dos nossos decendentes dirá a respeito deles, uma vez que fazemos parte dos seus moldes comportamentais? O que estamos fazendo da nossa existência passageira será lembrado futuramente como algo positivo ou negativo?
Talvez seja a hora certa de colocarmos nossa mente no “neutro” para fazermos um balanço, uma auto-análise da nossa vida. E em seguida engatar uma marcha mais forte ou debreamos um pouco. Nosso sucesso ou fracasso futuros dependerá em muito das escolhas que fazemos agora no presente. O que vamos escolher? A inércia, o movimento acelerativo ou o retrógrado?
Por causa da minha profissão, tenho contato com centenas de pessoas. E por diversas vezes, ouço tanto de amigos quanto de meus colegas, expressões de dúvidas. Alguns querem viajar mas tem medo de serem pegos pela imigração e serem deportados de volta e terem vergonha de olhar para os outros por causa da tentativa fracassada.
Outros não se esforçam muito pelo medo de não terem o reconhecimento que acham que devem ter. outros fazem desenhos maravilhosos e rasgam a folha porque não levam a sério o seu talento. E agindo assim, privam os outros de conhecerem um mundo de sabedoria, imagens, experiências e histórias que ficarão guardadas em gavetas ou apenas no fundo de suas mentes.
É preciso deixar fluir toda essa corrente de construtivismo que há no interior de cada um. Como disse certa vez o cartunista Charles Schulz: “não devemos deixar nossos talentos para o cemitério.” É preciso fazer a diferença. Talvez nunca iremos saber, mas nosso esforço de hoje poderá resultar em algo memorável amanhã. Ou depois de amanhã.
Meus amigos, é hora de acordar. Não podemos mais permanecer em estado de hibernação. Quem hiberna são os ursos, e muitos deles já estao em extinção. Enquanto estivermos no modo “stand by” sabem o que acontecerá? Isso mesmo. Nada. Se esperarmos as condições favoráveis para só então fazermos as coisas acontecerem, estaremos desperdiçando nosso tempo. Estaremos vivendo em função dos devaneios que nossas mentes criam.
Por sermos criaturas materiais, temos a terrível limitação de tempo e espaço. Nossos relógios correm em apenas uma direção. Se fôssemos seres angélicos teríamos todo o tempo do mundo para voltarmos alguns anos e consertarmos as falhas do passado ou nos permiritmos algumas boas surpresas no futuro.
Mas infelizmente não podemos atender a essas vontades. Não é possivel alterarmos o passado, mas devemos sempre nos lembrar de que amanhã será uma página em branco, onde podemos sempre escrever novas linhnas do nosso destino. Como disse Cazuza: “O tempo não pára.” Por isso, quando acordamos e nos olharmos no espelho, o que veremos? Veremos uma pessoa que está escrevendo cada página da sua existencia no livro dos dias de forma que fique bem legivel para nós mesmos e para os outros tanto agora quanto no futuro? Ou estaremos apenas fazendo rabiscos sem sentido?
Meus amigos pensem nisso. Essa é a mensagem de reflexão dessa semana. Será que estamos construindo um alicerce firme ou estamos apenas criando sobre a areia? É preciso desenvolver idéias, coisas que sejam duradouras, genuínas, sólidas. Devem ser feitas para durar. O mundo precisa de todos nós. Por isso, deixe brilhar a sua luz. Mas não apague a dos outros.

PS.: A viagem não chegou ainda. Meu presente está em desenvolvimento, mas certamente um dia não muito distante deixarei meu legado em Reykjavik, e quem sabe no mundo todo.

E você? Luta pelo quê?

No sábado à noite me bateu uma vontade repentina de ir à locadora. As pessoas que me conhecem há algum tempo sabem que eu sou um fã de música e filmes antigos. Velharia é comigo mesmo. Acabei trazendo Braveheart que assisti pela enésima vez. Talvez tenha sido por causa do que vi no filme que decidi criar este artigo. Um artigo que mostra a diferença entre as pessoas que fazem acontecer e aquelas que vêem as coisas acontecerem.
Durante quase todo o filme há um homem, Robert de Bruce, que sonha em ter a coragem que Willian Wallace tem, quer ter uma causa para ganhar, quer ter uma bandeira pela qual lutar. Mas passa a maior parte do tempo, ali, com medo de perder sua posição, sua tradição, as coisas que conquistou, mas no fundo deseja aspirar a algo melhor.
Enquanto isso, seu ídolo cresce, se desenvolve, aumenta a cada dia o seu séqüito e a sua glória, e consegue o que ninguém antes havia conquistado porque nos outros faltava a coragem. Ele é assassinado no final, mas deixa o seu legado, a sua mensagem, e seu exemplo finalmente faz Robert de Bruce sair da sombra do comodismo e ir atrás do que quer. “Pessoas não seguem títulos, elas seguem a coragem”.
Esta coragem não é tão comum nos dias atuais. Embora nem todos passamos por batalhas sangrentas para conseguir o que queremos, ou o que desejamos, muitas vezes deixamos passar momentos cruciais da nossa vida por falta de coragem. Tenho visto muitas pessoas que desejam muito algo ou alguém, mas na maioria das vezes não tem a coragem suficiente de abrir mão de alguma coisa para poder se encontrar e ser felizes.
Não estou aqui para dizer o que cada um deve fazer e o que cada um deve deixar de lado para poder ter aquilo que quer. Estou querendo dizer sim, que para obtermos alguma coisa é preciso muita luta, muita dedicação, ter fé e acreditar naquela causa, seja ela pessoal ou não.
Vejo pessoas que desejam muito mudar de emprego, ganhar mais dinheiro, ter uma vida financeira mais equilibrada, mas não procuram novos meio para conseguir obter o que querem. Preferem ficar ali, reclamando, resignadas ao modo precário em que vivem do que levantar o pó e ir à luta. Tenho visto pessoas que querem desesperadamente ser felizes, encontrar um novo amor, assumir o controle da sua vida e das suas emoções. Mas não querem abrir mão do pouco que tem para lá na frente fazerem parte de algo melhor, especial e sólido.
Precisamos acreditar. Precisamos voltar a sonhar. Precisamos nos lembrar do nosso imenso valor e ver que nós podemos mudar o mundo, ou ao menos mudar nossa maneira de ver as coisas. Se o mundo não muda, mude você.
Somente a partir do momento em que pararmos de nos apegar aos nossos medos, às mesquinharias que estão ao nosso redor e acreditarmos que podemos e devemos lutar pelos nossos ideais é que realmente começaremos a viver. Enquanto ficarmos apenas desejando, mas não irmos atrás do que queremos, estaremos apenas vendo a vida passar diante dos nossos olhos.
Independente do que se deseja, é necessário luta, determinação, confiança, coragem e, sobretudo, ação. É preciso levantar da cadeira, fazer planos e nos aliarmos a eles, é preciso saber o que somos e abrir os olhos para vermos a grandiosidade de tudo isso. É preciso ver que podemos ter sempre mais e lutar por nossos desejos em vez de aceitarmos sempre as migalhas que caem da mesa do destino. Vá à luta! Os sonhos acontecem quando os desejamos muito e lutamos por eles. Então meu amigo, minha amiga, só me resta fazer a seguinte pergunta: e você? Luta pelo quê?

O maior erro do ser humano é se anular como indivíduo

Eu estava vindo do trabalho no sábado à noite quando meio sem querer eu “grampeei” uma conversa no ônibus. Já passava das oito da noite, eu tinha acabado de sair de uma bateria de nove horas de aulas consecutivas, só com um rápido café da manhã e duas noites seguidas sem dormir por causa da insônia.

Então lá estava eles, um casal de mais ou menos vinte e dois anos. Ele dizendo que a amava loucamente e que faria tudo o que ela pedisse para ele fazer. Eu, ali no banco imediatamente atrás, quando ouvi essa frase, interrompi minha leitura e me lembrei de centenas de vezes que eu já tinha dito a mesma coisa para tantas pessoas em tantas épocas. Comecei a prestar mais atenção na conversa, que foi mais ou menos assim:

- Não gosto quando você fuma – ela disse
- Tudo bem eu paro então de fumar.
- E também não gosto quando você chega com cheiro de bebida.
- Tá bem meu amor, eu não vou mais beber.
- E odeio quando você sai a noite pra jogar bola com os seus amigos e me deixa sozinha.
- Não se preocupe, vou cancelar os jogos.

Não vou falar tudo o que eles falaram depois, mas para todas as questões a resposta foi a mesma. “Ok, você venceu. Faço o que você quiser desde que você não me deixe.”

Quando vivemos algumas situações, às vezes não percebemos o ridículo que cometemos, quem percebem, são os outros. Só quando descemos das nuvens e colocamos nossos pés no chão é que nos damos conta de quanta coisa boa deixamos de fazer para agradas outras pessoas e deixar nossa felicidade ali, relegada a segundos, terceiros planos.

A alguns anos aqui em Goiânia, um rapaz de dezessete anos saltou da janela do décimo andar. Estava sempre querendo a aprovação do pai para se encontrar. Queria ser ator mas o pai queria que ele fosse médico. Ele estudou, passou no vestibular mais concorrido daqui e no dia que pegou o resultado, saltou para a sua liberdade, levando o papel com sua classificação no bolso da camisa.
As pessoas precisam aprender a gostar dos outros da maneira como são. E não como gostariam que fossem. Muitas vezes ficamos correndo atrás de mudanças, transformações, que nos dão mais confiança para podermos estar à altura do gosto alheio.

Tenho visto pessoas que passam horas em academias tentando emagrecer, fazendo ditas de fome para parecerem mais magras, para projetarem uma outra imagem. Não fazem isso para se sentirem melhor consigo mesmas, mas para serem aceitas pelos outros. As principais mudanças devem ocorrer no interior, na mente das pessoas. O importante para algumas pessoas (e quero enfatizar bem a palavra “algumas”) é criar algo que só existe na imaginação delas próprias para poderem ser aceitos por outras pessoas, ou por um lugar, ou por um grupo.

Não devemos colocar condições para podermos relacionar com as pessoas: “Se você comprar uma moto eu saio com você”, “Se você engravidar eu me caso com você”, “Quando você tiver muito dinheiro eu fico com você.”

Há sempre um “se”. Meus amigos, amor é uma qualidade que deve ser desenvolvida incondicionalmente. Quando amamos de verdade uma pessoas deixamos de dar tanta ênfase às coisas como peso, altura, aparência, conta bancária, posição social e status. O importante é ser feliz com o pouco que nos foi dado. E fazer valer a pena o pouco tempo que nos resta.

O maior erro do ser humano é se anular como indivíduo. É deixar de viver coisas boas por temer não ser aceito pelos outros. É tentar ser o que não somos para que os outros nos amem e fiquem sempre conosco.

Não podemos passar a vida sem viver. Precisamos de espaço, de liberdade, de que os outros nos valorizem pelo que somos e que façamos o mesmo.Devemos ter identidade, ser quem realmente temos que ser e fazer a diferença. Temos todos uma missão especial para cumprir, e devemos ficar sempre tranqüilos porque as coisas acontecem exatamente como tem que acontecer, sem que tentemos mudar nossa maneira de ser para atingirmos o gosto dos outros e mudar o final da historia. É isso aí.

Voltando ao assunto...

Meus prezados leitores:

Vocês que sempre acompanham as novidades do meu blog viram que ele saiu do ar temporariamente ontem. É, foi culpa minha mesmo. Estava excluindo algumas coisas e acabei fechando o blog. Primeiro, pensei em não reabrir, por razões pessoais, para evitar confusões, nada a ver com vocês, é coisa minha mesmo. Eu me lembrei das palavras das Sagradas Escrituras que dizem:

"Portanto, se a tua mão ou o teu pé te escandalizar, corta-o, e atira-o para longe de ti; melhor te é entrar no paraíso coxo, ou aleijado, do que, tendo duas mãos ou dois pés, seres lançado no fogo eterno."
" E, se o teu olho te escandalizar, arranca-o, e atira-o para longe de ti; melhor te é entrar na vida com um só olho, do que, tendo dois olhos, seres lançado no fogo do inferno. "
(Mateus 18:8,9)

Mas depois eu voltei atrás e já que eu não durmo mais mesmo, resolvi escrever este artigo. Aproveitei e coloquei outra passagem das escrituras que achei interessante:

"Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre um monte; nem os que acendem uma vela a colocam debaixo de um cesto, mas no velador, e assim ilumina a todos que estão na casa.
Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras"

(Mateus 5:14,15,16)

O blog pode não ter as mesmas fotos que tinha antes, mas os artigos continuam os mesmos. Obrigado pelo apoio de todos vocês.

O Mal Entendido

Ela nem mesmo quis escutar o outro lado da historia. Entrou no seu carro, um Ford Escort vermelho e bateu a porta com toda a força. Ele achava que os vidros fossem se partir com o choque, mas tudo que aconteceu foram gritos abafados de lá de dentro. Toda sorte de impropérios que ele podia imaginar, mas que não podia ouvir claramente.

E tudo não passava de um grande mal entendido. O carro enguiçou justamente na hora que ele estava vindo para casa da faculdade. Os colegas foram ajudá-lo e enquanto ele se esgueirava por baixo do carro, alguém atendeu seu celular.
- Alô!
- Quem está falando?
- Ahn... é a Letícia.
- Letícia? Mas... este telefone é do Valmir, onde está aquele cretino?
- Calma Vânia, ele não pode atender agora porque ele está com as mãos ocupadas, ele...
- Desgraçado!

Gritou e um silêncio se fez do outro lado da linha. O carro não pegava de jeito nenhum e a cada minuto, a certeza que uma briga estaria para acontecer ficava mais forte.
Vânia o aguardava na entrada do apartamento do namorado, os braços cruzados na frente do corpo em posição de ataque, pronta para despejar sobre ele uma tonelada de estrogênio.
Primeiro foi o tapa. Um tapa estalado, sonoro, que logo se transformou em vermelhidão. Depois foram os predicados: cretino, vagabundo, canalha estúpido e desgraçado, miserável, idiota. “Canalha estúpido” deve ter sido o pior porque os vizinhos que estavam nas janelas para saber o paradeiro daquela discussão se entreolharam.
Antes que ele falasse alguma coisa (ele até agora só tentava se livrar de mais bofetões e pedia em vão que ela entrasse, falasse baixo e resolvessem tudo lá dentro) ela entrou no carro e se foi.
O telefone de Vânia tocou às duas e oito da madrugada. Era a mãe dela
- Filha, como você está?
- Mãe, aquele desgraçado do Valmir estava com outra, mãe, eu ouvi quando aquela mulher atendeu ao telefone e falou que ele estava com as mãos ocupadas e não podia atender porque estava debaixo de não sei o que. Só podia estar debaixo dela.
- Filha, acalme-se...
- Mãe, ele ta me traindo, mãe.
- Filha não é nada disso. Valmir é gente boa. Você estava na casa da Ângela, quase do outro lado da cidade; como eu sei que estava perto do horário do Valmir sair da aula e eu estava ali perto, pedi uma carona para ele, e quando estávamos a sair da faculdade o carro dele quebrou.
- Mas mãe quem é a Letícia que atendeu ao telefone?
- Filha, já se esqueceu que sua irmã se chama Letícia? Estávamos no cinema esta noite, e ela atendeu ao telefone porque ele estava debaixo do carro arrumando alguma coisa lá.
- Ai mãe, paguei o maior mico.
- É, pagou sim, o Valmir é inocente.
- Vou ligar para ele agora, boa noite mãe.
- Boa noite filha

Ele atendeu no primeiro toque. A voz no outro lado da linha agora não era intimidadora, nem apresentava nenhuma sugestão de desafio.
- Amor, me desculpa!
- Claro meu amor, eu entendo você.
- Você sabe, tem dias que eu estou com os nervos à flor da pele. É a TPM
- Não se preocupe, ta tudo bem!
- Amor eu estou ficando uma chata não estou?
- Não, quero dizer só um pouquinho.
- Amor, vem me ver.
- Então abra a porta.

Ela não conseguiu ver o rosto dele porque um enorme ramalhete de rosas o escondia. Ela na hora se perguntou mentalmente onde ele teria encontrado aquelas rosas às duas e meia da manha, mas isso não tinha importância agora.
- Vânia, você é a mulher da minha vida!
- E eu te amo! Me desculpe, como está este rosto?
- Queimando um pouco.
- Me deixa ver.
- Querida não se preocupe.
- Então vamos colocar gelo.

O sol já ia alto quando os dois acordaram. Após as caricias matinais, ele se levantou, entrou no carro e foi para casa. Tudo estava resolvido. Só precisava agora encontrar uma satisfação para dar aos vizinhos e amigos. Agora estava fácil.

Coincidências Coincididas

Bem, estava eu hoje visitando sites e mais sites sem ter nada pra fazer no meu horário de intervalo quando de repente uma história me chamou muito a atenção. A história se chama Todas as cartas de amor são ridículas.
Chamou tanto a minha atenção que resolvi transcrevê-la no final do meu comentário de hoje. E foi quando percebi a quantidade de concindências que existem no interior de nós mesmo e das nossas relações.
Felizes são aqueles que jamais passaram por isso e jamais passarão (estou falando de separações). Quanto aos demais, só nos falta juntar nossos restos e rir (e aprender!) da experiência passada e das alheias.
Mas será que aprendemos mesmo dos erros passados? Uma amiga de Mogi das Cruzes uma vez disse a sensata frase: "Pior do que aprender com a experiência é não aprender com a experiência". É... Amanda Karina, você tem toda a razão.

Todas as cartas de amor são ridículas


Hoje está fazendo exatamente um mês que nos separamos. É claro que estou sentindo muito a sua falta. E que às vezes me arrependo de tê-la deixado sozinha na rua naquele fatídico sábado quando nossos corpos pareciam produzir choques elétricos cada vez que se tocavam. Mas naquela tarde eu não tinha outra saída a não ser voltar para minha casa e dar início a este infinito ciclo de tentar esquecê-la que estou vivendo até hoje. A verdade é que foram 30 dias de lembranças do nosso amor, a princípio só as ruins. De uma semana para cá, graças à minha memória seletiva-otimista, tenho sido bombardeado por imagens dos nossos momentos mais intensos e felizes.
Mas, afinal, o que nos aconteceu? Mais precisamente naquela noite em que nos encontramos naquele bar e você, pela primeira vez, demonstrou um lado insuportável (estúpido mesmo) da sua personalidade. Armada até a medula, discordava de tudo que eu falava e quando eu lhe perguntei por que estava agindo daquela maneira (chata, estúpida) você lançou a primeira pérola (muitas viriam nas duas semanas seguintes) do seu Manual de Maneiras Conflitantes: “Você pensa que as relações humanas são feitas só de paz e harmonia? Nada disso. Sem essa de paz e amor, bicho! Tem muita guerra e muita discórdia também!” Pronto, nosso calvário estava lançado. Que pena.

SEM FIM

Ficamos a um passinho do inferno, desde que você começou a manifestar esse seu lado insuportável. Chegamos ao inferno propriamente dito naquela traumática noite em que você foi possuída por uma entidade feminista e incorporou a Betty Friedan Cuspidora de Clichês. Lembre-se de que fizemos amor sem preservativo porque estávamos muito excitados e não houve tempo para que eu pudesse me equipar. Mas, curiosamente, depois de consumado o ato, você passou a me acusar de machista, insensível e começou a disparar seus clichezinhos feministas da década de 60: “Eu não sou um banco de esperma!”, “você não sabe tocar uma mulher!” , “jamais teria um filho com você!”. Lembro-me bem desses três porque você os repetiu à exaustão da meia-noite às 6h da manhã.
Fico imaginando o que será de nós dois, pois tenho certeza de que você pensa em mim tanto quanto eu penso em você. E que esses obstáculos que apareceram em nosso caminho não são intransponíveis. Não foi por falta de vontade que não a procurei durante os últimos 30 dias. Pelo contrário, perdi a conta de quantas vezes peguei o telefone e fiquei olhando-o com seu rosto na minha cabeça. Só que acho que é você quem deve me procurar. E, se não for pedir muito, desculpar-se pelas atrocidades que você (eu nem acredito que aquela pessoa seja você) me falou naquela nossa última noite. Mas acho pouco provável que isso venha a acontecer porque seu orgulho narcisístico jamais o permitirá. Eu disse “pouco provável”. Ou seja, ainda tenho pequenas esperanças de que um dia voltemos a nos encontrar e, se for o caso, pôr um ponto final nessa nossa história que ficou pela metade. ::

Conexões

Era para ter sido um sonho. Quando Tarso Ramos chegou a Londres, jamais pensou em que tudo fosse terminar assim. Ele realmente não queria que as coisas fossem daquela maneira.
Ele foi criado na cidade do Rio de Janeiro, nasceu em vinte e um de junho de 1979 e durante muitos anos sonhou em ser engenheiro. Por um capricho do destino acabou sendo jornalista. Adorava escrever.
Descobriu que levava jeito com as palavras na primeira tentativa frustrada de escrever seu próprio livro. Tinha ânsia de aprender sempre mais. Lia como um computador. Mas depois de tanto ler e de tanto escrever, foi tentado a arriscar sua sorte em Londres.
Tudo a principio era só uma brincadeira. Ele tinha viajado para a Inglaterra durante as férias de trabalho, se apaixonou pela cidade e por lá mesmo ficou.
Encontrou facilmente um emprego onde era colunista de um tablóide inglês. Mas depois de quatro meses que estava ali, conheceu Fabiana. Ela havia se mudado para Londres a três meses. O marido era engenheiro e havia sido transferido para lá para coordenar um projeto de construção de uma nova linha de metrô. Apaixonaram-se no mesmo instante. Depois de alguns meses, ela o deixou. Achava que o dinheiro do marido, que podia comprar tudo o que ela quisesse era mais importante do que um simples amante que a satisfizesse.
Encontrar amantes que satisfazem tão bem uma mulher é fácil quando se tem dinheiro. Depois de sofrer amargamente e durante muitos meses finalmente Tarso se viu livre dos grilhões que o prendiam a Fabiana.
Foi quando conheceu Márcia. Conheceram-se em uma festa do qual ele não havia sido convidado. Tarso, só foi porque sabia que Fabiana estaria lá.
Para sua surpresa Fabiana não apareceu naquela festa, o que tornou possível conhecer Márcia. Casaram-se duas semanas depois. Depois de alguns meses e com um filho a caminho perceberam que tudo não passou de um grande engano. Um grande erro.
Mas não se separaram. Continuaram ali juntos, sem nada em comum até que ele conheceu Débora. Ele parecia ter um magnetismo para mulheres comprometidas.
Ficaram juntos por vários meses e ele teve que ir embora. Em um país onde a imigração não é levada tão a serio assim, ele foi descoberto e deportado junto com a mulher e o filho. Estava mais uma vez disposto a deixar tudo e todos e viver com Débora.
Mais uma vez o filme foi o mesmo. Subir na escala social é simples. O problema é retroceder alguns degraus.
Tarso agora mora em Angra dos Reis e acaba de conhecer Tamiris, que é policial e parece ser sua alma gêmea.
Apesar do passado, ele vai tentar de novo ser feliz.

Em resposta

Ontem eu estava lendo um comentário que foi deixado em um dos artigos que eu escrevi, e achei muito interessante a reposta de uma pessoa. Nao vou dizer quem é a pessoa, porque não sei quem é. A pessoa não quis se identificar. Eu apenas gostaria que todos que lêem meu blog soubessem que eu sou uma pessoa com todos os erros e defeitos que todo mundo pode ter. As vezes eu tenho a impressão que vocês que me lêem acham que eu sou assim, melhor do que todo mundo, não é nada disso. Eu me olho no espelho todos os dias e vejo quanta coisa eu tenho que mudar. E acho que todo mundo deveria fazer o mesmo para poder termos uma sociedade melhor.
Então Sra. Anonima, eu não utilizo meu blog para pintar uma imagem de bom samaritano ou de mocinho. Apenas escrevo o que eu penso e o que eu sinto. E faço isso porque quero fazer uma diferença, quero ser o agente transformador de alguma coisa. Por isso eu gosto que as pessoas vejam o meu rosto, saibam o meu nome e contem comigo. Mas obrigado pela sua sinceridade.
É isso aí.

Despreparo

Dizem que o combinado nao sai caro. É a pura verdade. Recebi a confirmação que ficaria novamente com a turma do Danilo hoje, a poucos minutos da aula começar. O conteúdo é todo estranho para mim, se é estranho para mim imagina para o Diego que acabou de chegar. Tudo isso por causa da aula de Excel que foi planejada nas coxas. Bom o resultado não foi lá dos piores, tambem nao foi lá essas coisas a aula, mas todo mundo fez a prova e a apresentação que eu pedi.
Mas o que eu quero sublinhar nao é isso. É o despreparo. São quatro instrutores que tem que falar a mesma língua, ensinar o mesmo conteúdo. É necessário ter esta sintonia para que no caso de substituição não haja discordâncias com relação à materia.
Mas tudo bem, não vou me estressar no meu penúltimo dia de trabalho aqui. Mas para o bem de todos, era bom seguir essa sugestão.

Atestado Médico

Esses dias atrás aconteceu uma coisa que me chamou a atenção. Estava eu correndo atrás de um atestado médico demissional, já que eu estava saindo da firma. Tudo bem que eu tinha um formulário para fazer esse exame médico lá no Semetra. Para quem não sabe onde fica o Semetra, é assim: fica perto do largo do Payssandu, depois do viaduto Santa Ifigênia, que por sua vez fica perto do Anhangabaú, perto da praça da Sé. Ali pertinho.
O problema é que eu não tinha tempo para ir lá no Semetra, porque estava cheio de trabalho, e tinha um baita feriadão no outro dia. Então estava eu saindo do meu compromisso no bairro de Pinheiros quando vi um daqueles tiozinhos que ficam segurando uma placa escrito, atestado médico: admissional e demissional. Aquilo me interessou, afinal eu já estava ficando desesperado. Quinta-feira, véspera de feriado prolongado, eu não pensei duas vezes e fui lá falar com o tiozinho que me fez andar duas quadras e me apontou um prédio bem sinistro.

Entrei atrás de uma moça que parecia ter uns dezoito ou dezenove anos, com um brinco enorme na orelha esquerda. O brinco tinha a forma de uma pena branca. Subimos pelo elevador que tremia mais que tudo, ela sem dizer uma palavra sequer. Chegamos finalmente ao sexto andar. Ela se sentou atrás de uma mesa com uma máquina de datilografia e pediu meus documentos. Em nenhum momento sorriu ou cumprimentou.

Eu estava achando tudo aquilo muito interessante, mas só queria sair logo dali. Entreguei os documentos e ela datilografou meu atestado médico. Cobrou vinte e cinco reais, e depois de uma choradinha, acabou deixando por vinte reais. ME deu um recibo carimbado e eu ia colocando o recibo e o atestado médico na pasta para ir embora quando ela me surpreendeu dizendo: “Um momento, ainda preciso do atestado, tem que fazer a consulta primeiro”.

Cara, aquilo me deixou boquiaberto. Naquelas condições eu nem imaginava que realmente iria ter exame. Mas teve, esperei cerca de dois minutos e uma voz me chamou. Entre por um corredor apertado e entre na única sala aberta do corredor. Um senhor, japonês, coreano, chinês, não sei o que ele era, me perguntou se eu era mesmo o Anderson. Confirmei. Como ele não me convidou a sentar eu fui me sentando mesmo assim sem convite. Ele não olhou para mim um instante sequer. Perguntou minha altura e meu peso. Depois disse para que eu estendesse o braço. E começou a medir minha pressão. Ele bombeou aquele negócio umas três vezes, e não esperou nem mesmo dez segundos, colocou a ponta do estetoscópio no meu braço, mas eu não percebi se a outra ponta estava no ouvido dele. Tudo foi muito rápido, não durou quinze segundos.

Ele me disse para assinar o documento que eu iria levar e eu fiz. Saí de lá tão rápido quanto entrei. Claro que eu não vou revelar o nome do “médico”, mas tenho certeza que se eu tivesse uma câmera escondida ali, venderia a reportagem para o fantástico.

É... pessoal, tem que tomar cuidado com esses caras que ficam vendendo coisas na rua. Aqui em SP a gente encontra de tudo, tem gente vendendo dentes, vendendo atestado de tudo quanto é coisa, diploma de faculdade. Esses tempos atrás tinha um cara que por R$ 3.000,00 ele te entregava um diploma e no outro dia você é advogado. Com registro na OAB e tudo. Era a promessa dele. E uma promessa realmente tentadora.

Diferenças

Elliot acordou cedo. Às seis da manhã já estava de pé. Às seis e meia já tinha tomado banho, preparado seu café da manhã: ovos com bacon, leite com açúcar e canela e torradas. Os ilhós já estão de uniforme, o estomago cheio, prontos para um novo dia de aula.

Elliot já saiu de casa, em seu carro novo, já deixou os filhos na escola, já falou com clientes e já fechou negócios importantes.

Hamilton ainda está na cama, a cabeça doendo pelo exagero na bebida da noite anterior. São dez e meia e ele se arrasta enrolado no seu habitual lençol branco, deixando a mulher descoberta. Mulher? Uma antiga namorada dos tempos de escola, que nem bonita é.

Hamilton se prepara para seu desjejum. Um cigarro e um copo de vinho, isto é desjejum?

Elliot expandiu seus negócios e agora possui filiais de sua empresa em vários países. Tornou-se uma pessoa importante e sempre é chamado para fazer palestras diante de pessoas importantes e tradicionais.

Hamilton ainda tenta terminar os estudos. Aos quarenta e três anos ainda não terminou o ensino médio, por isso está sempre em maus empregos onde mal consegue sustentar a si mesmo e a mulher. A mulher quer filhos mas ele não se sente ainda preparado.

Elliot já se prepara para a aposentadoria. Já criou os filhos, os formou em direito e arquitetura e já casou os dois. Elliot tem planos de levar sua bela senhora para viajar por diversos lugares do mundo. Os netos vão sempre visitá-lo, o que o deixa muito feliz.

Hamilton ainda não começou a viver. E no escuro do quarto ele se lamenta por causa do tempo perdido, das oportunidades que perdeu e promete a si mesmo que vai mudar. Vai até a cozinha, abre outra garrafa de vinho e acende mais um cigarro. Amanhã, tudo vai melhorar.

Convivendo com as diferenças

Assisti esses dias estarrecido a uma reportagem sobre um padre numa cidade no interior que não quis celebrar o casamento entre duas pessoas. O noivo tem paralisia cerebral ela, a noiva, tem dificuldades de aprendizado. Depois de saber disso, o padre de uma igreja católica se recusou a abençoar o casal dizendo que pelas tradições e pelos dogmas da igreja o casamento não poderia acontecer. O casal indignado resolveu assim, celebrar o seu casamento particularmente recebendo a benção dos amigos e dos familiares. O mais estrondoso neste caso é que os dois são pessoas absolutamente normais, e que se amam acima de tudo. De acordo com a doutrina católica, um casamento não pode ser realizado quando uma pessoa não tem capacidade mental ou quando possui impotência sexual.
A poucos dias atrás pude ver na pele a dor que existe quando se é tratado de maneira preconceituosa. No meu caso foi preconceito racial. Sou moreno, e por causa da minha cor fui desprezado e me senti bastante humilhado por parte de pessoas que por lei, devem ser chamados de familiares. É impressionante como em pleno século 21 ainda temos que viver situações assim. Situações preconceituosas existem e são vistas todos os dias. As vezes nas pequenas brincadeiras é que se mostram os pensamentos preconceituosos. Seja por causa da cor, seja por causa do lugar onde a pessoa nasceu, por causa da sua condição social ou por causa da sua religião.
De acordo com o Código Penal, o parágrafo 3 do Artigo 140 reza:


Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro: Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa. § 3º Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência. Pena - reclusão de um a três anos e multa. (Alterado pela L-009.459-1997).


É preciso que nos conscientizemos que todos somos iguais, perante Deus e perante a sociedade. Este comportamento deve ser extirpado da nossa cultura, se quisermos um dia sermos pessoas felizes. É necessário também que utilizemos serviços de proteção aos direitos pessoais. Se você for vítima, entre em contato com uma delegacia e registre uma queixa, mesmo que não haja testemunhas para confirmar o seu relato. Faça valer os seus direitos. Para maiores informações sobre como proceder em casos de preconceito, independente da sua forma, visite o site: http://www.disqueracismo.com.br/

Estes dias em um intervalo de uma aula para outra eu estava na recepção da firma quando o pai de um aluno entrou pela porta de vidro. A recepcionista sempre muito amável abriu aquele sorriso e disse um caloroso "Bom dia". O senhor que não estava para conversa censurou a recepcionista e descarregou a pergunta: "Bom dia pra quem?". Por esta nossa recepcionista não esperava, nem eu. Afinal aquele aluno é sempre tão atencioso e educado que não parece ser filho daquele senhor.

Decidi contar esta historia real para mostrar a importância de sermos pessoas educadas, polidas. Diariamente somos espectadores, às vezes protagonistas de situações onde a falta de educação é evidente. Entrar em um ambiente e não cumprimentar as pessoas ao redor é uma dessas situações. Tenho percebido o susto que alguns motoristas de ônibus levam quando um ou outro passageiro entra, e diz “Bom dia motorista”. Parece que o motorista salvou o seu dia.

E o sorriso geralmente é espontâneo.Quando estamos em um supermercado e precisamos passar na frente de uma pessoa que está olhando uma mercadoria devemos sempre nos dirigir a esta pessoa respeitosamente e dirigir um “Com licença”.Boas maneiras não custam muito, mas provocam reações de alegria e podem ser os elementos fundamentais na construção e manutenção de amizades fortes e duradouras. Sendo assim, não deixe que o negativismo controle seus passos.

Às vezes, involuntariamente, temos a tendência de não tratar nossos companheiros, nossos colegas de trabalho ou nossos amigos depois de termos passado uma situação que nos entristeceu ou depois de uma noite má de sono.A boa educação é demonstrada em situações onde podemos considerar irrisórias em nossas vidas. Por exemplo, retorne as ligações que recebeu, para não deixar a pessoa do outro lado no vazio. Mostre a todos que aquelas ligações são importantes por responder a todas elas. Quando não puder responder, peça para que uma pessoa entre em contato, dizendo que a ligação será respondida assim que você tiver tempo. Quando uma pessoa está doente, vá visitar. Nasceu uma criança? Faça uma visita. Se não puder visitar, mande algumas flores, mande um cartão, ou se for o caso, apenas ligue parabenizando a pessoa por aquele nascimento. Interesse-se pelas pessoas.Vivemos em sociedade para servirmos uns aos outros.

Os seres humanos se distinguem dos animais pelo seu raciocínio, inteligência e pelo modo como coexistem com os seus semelhantes. Sermos pessoas educadas farão de nós verdadeiros seres humanos que fomos criados à imagem e semelhança de Deus.

Quem sou eu, de onde vim e para onde vou

Já faz um tempão que eu penso em criar um blog. Expor idéias, deixar as pessoas saberem o que eu penso, do que eu gosto, de onde vim e para onde eu vou. Criei um site onde eu colocava minhas opiniões sobre diversos assuntos, bem como minhas histórias. As histórias que eu vou escrevendo ao longo dos tempos. Escrever é a minha praia. Está tudo aí. Espero que vocês leiam e me mandem seus comentários. a opinião de todos vocês é muito importante para mim.

..:: De onde eu vim ::..


Nasci em Goiânia em 21 de janeiro 1980. Tenho 27 anos e sou professor de informática na BIT Company (só mais esta semana). Quinta-feira da semana que vem termina o meu aviso. Vou embora, ufa! Sete anos dando aula sem parar é pra acabar com qualquer cristão meu patrão. Então estes são os meus ultimos dias aqui em São Paulo. Ao mesmo tempo que é muito bom estar voltando para a minha cidade natal fico também preocupado com uma série de coisas que só eu mesmo para entender. Bom, as coisas vão se ajeitar por si só. Vou mudar de assunto.
Mas meu passatempo preferido, que já nem é mais passatempo, é um vício: Ler. A cada ano tento ler mais do que li no ano anterior. Em 2005 quando eu me viciei em leitura, eu tinha lido 28 livros até o final do ano. Eu não podia ler menos em 2006 por isso resolvi incrementar mais um pouco e acabei lendo 46. Já este ano estou muito relaxado, só li 8 até agora. Tenho que arrumar mais tempo. Não tenho tido paciencia para ler outro autor que não fosse John Grisham. O cara é muito, mas muito bom mesmo. Quero terminar de ler toda a obra dele, mas cadê o dinheiro pra comprar tudo? São dezenove livros. Até agora eu consegui ler onze. E estou lendo agora O Sócio, de novo. A história é fantástica e vale a pena ler várias e várias vezes.
Eu comecei a dar aulas de informática a sete anos. No início eu era um simples aluno na BIT Company, mas o tempo foi passando e então eu me tornei monitor, e depois instrutor. Isso foi no ano 2000. Parei com as aulas na BIT no final de 2000 e fui morar em São Paulo, numa tentativa louca e frustrada de mudar tudo ao meu redor. Não funcionou. Voltei para Goiânia em abril de 2001 e fui novamente trabalhar como instrutor de informática. Fiquei mais este ano nas salas de aula, trabalhando em várias escolas, até que chegou o segundo semestre de 2002 e eu finalmente pude respirar um pouco. Foi quando fui trabalhar como arte finalista em uma empresa em Goiânia, chamada Arte Nobre. Foi uma experiência muito boa porque eu pude finalmente aplicar na prática tudo o que eu vinha ensinando nos anos anteriores. Fiquei seis meses lá, juntando um dinheiro para poder voltar a São Paulo. Funcionou. Depois deste tempo eu já tinha dinheiro suficiente para me manter aqui por um bom tempo sem ter que pensar em trabalhar.
Tirei
um mês de férias para poder desestressar um pouco e logo então comecei a trabalhar onde? BIT Company de novo. No começo eu ficava pensando: "Será que eu vou ter saco pra dar aula de novo?". Mas como eu não tinha muitas opções, resolvi encarar. Fiquei trabalhando na unidade de Santo Amaro até Agosto. Muita coisa aconteceu nesse tempo. Mas depois fui transferido para o Paraíso, onde fiquei um ano e dois meses. Depois desse tempo todo acabei vindo parar na unidade Itaim Bibi, onde algumas das coisas mais importantes da minha vida aconteceram.


..:: Para onde vou ::..


Depois de quase cinco anos morando aqui na capital (SP) chegou a hora de ir embora. Meu plano inicial nunca foi ficar muito tempo aqui. Meu plano inicial era ficar aqui durante dois anos e depois ir para o exterior, mas daí eu acabei casando e esta idéia de sair do país ficou encostada. Mas um dia ela vai voltar.Então aconteceu que por questões particulares, eu vou morar novamente em Goiânia. Mas comigo levo um caminhão de boas coisas que aconteceram aqui, e outro de coisas ruins que também aconteceram, afinal, comeu a carne agora vai ter que lamber os ossos né malandro? Comeu a carne agora vai ter que lamber os ossos. Um dia eu vou voltar aqui em São Paulo, mas ainda não sei quando. Talvez eu volte sempre, talvez demore um pouco mais. Eu tenho uma lista de motivos para não voltar e um motivo para vir.Espero muito que as pessoas que eu conheci aqui não fiquem distantes, que me mandem emails, que falem comigo pelo Orkut ou mesmo pelo MSN quando estiverem online. Foi muito bom conhecer todos vocês, mas novas aventuras me aguardam.

Aos meus leitores

Meus prezados leitores:

Vocês que sempre acompanham as novidades do meu blog viram que ele saiu do ar temporariamente ontem. É foi culpa minha mesmo. Estava excluindo algumas coisas e acabei sem fechando o blog. Primeiro, pensei em nao reabrir, por razões pessoais, para evitar confusões, nada a ver com vocês, é coisa minha mesmo. Eu me lembrei das palavras das Sagradas Escrituras que dizem:

"Portanto, se a tua mão ou o teu pé te escandalizar, corta-o, e atira-o para longe de ti; melhor te é entrar na vida coxo, ou aleijado, do que, tendo duas mãos ou dois pés, seres lançado no fogo eterno."

" E, se o teu olho te escandalizar, arranca-o, e atira-o para longe de ti; melhor te é entrar na vida com um só olho, do que, tendo dois olhos, seres lançado no fogo do inferno. "
(Mateus 18:8,9)

Mas depois eu voltei atrás e já que eu não durmo mais mesmo, resolvi escrever este artigo. Aproveitei e coloquei outra passagem das escrituras que achei interessante:

"Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre um monte; nem os que acendem uma vela a colocam debaixo de um cesto, mas no velador, e assim ilumina a todos que estão na casa.
Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras"

(Mateus 5:14,15,16)

O blog pode não ter as mesmas fotos que tinha antes, mas os artigos continuam os mesmos. Obrigado pelo apoio de todos vocês.

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