Ela me olha por sobre o monitor, apenas os olhos aparecendo naquele castanho profundo. Ri das minhas piadas sem nexo e ainda antes do meio dia vai me abraçar e com aquele beijo que só ela sabe dar vai mudar o destino do meu dia. Caminho poucos passos até encontrar a suavidade das suas mãos e o cheiro do seu cabelo negro cobrindo aqueles brincos que realçam ainda mais sua beleza que de tão nata, chega a ser inebriante, trancendente, quase divina. E por ali vamos, tentando reduzir ao máximo a rapidez dos nossos passos para que o tempo passe mais devagar, e quando chegamos ao nosso restaurante preferido de todos os dias é como se uma nuvem cósmica nos rodease e nos isolasse do resto do mundo. Nessa hora tudo muda, e todo o resto das coisas fica lá atrás da nossa porta imaginária: os descasos, os tropeços, as desinteligências e desistências, os medos, as dores e os pecados. O que nos resta são nossas línguas e linguagens secretas, os idiomas que só os nossos olhos sabem dizer e são traduzidos pelo toque das nossas mãos e pela luminescência do nosso beijo. E embora esses minutos teimem em passar mais rápido, nada mais importa agora. Nem nossos trabalhos que nos chamam de volta à vida real, nem a garçonete com cara de bolacha que demora com o pedido, nem a escada rolante que quer nos derrubar porque já está chegando no final, mas nosso beijo ainda quer mais alguns instantes. E num esforço quase incomum nos soltamos e seguimos em direções opostas. Direções que apesar de tão curvas, nos trarão de volta ao nosso ponto de partida amanhã. E depois. E depois.
1 comentários:
Eu sempre acreditei que o que marca uma vida, uma sociedade, um estilo, é a primeira pessoa que realiza,desperta ou descobre algo.
Só que eu aprendi que podemos marcar algo sim, sendo como uma segunda pessoa, podemos começar ou fazer tudo diferente do que a primeira.
E você..hum.. de um jeito contraditório e especial já ficou marcado na minha vida.S2
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