O assalto

Depois de outras quatorze horas de trabalho, tudo que eu queria era voltar para casa com aquela sensação de dever cumprido e a esperança de um bom banho e uma noite de sono. Mas não foi bem assim que aconteceu. Eu estava a poucos metros de casa quando percebi a moto voltando. Eram dois e pela fraca iluminação da rua não pude ver seus rostos cobertos parcialmente com esses agasalhos com capuz. E foi então que eu, sempre alerta me deparei com a dura realidade: era um assalto em curso. O carona saltou da moto ignorando as outras pessoas que passavam por ali junto comigo e apontou a arma. O piloto sacou a sua também. “Aí maluco passa o celular aí agora”, disse o carona, e foi exatamente o que eu fiz sem pestanejar. Com o canto dos olhos percebi o andar agora acelerado dos que passavam por mim. O piloto vendo que eu abria meu agasalho que levava meu telefone novíssimo disse: “eu to te roubando velho, agora não fala nada, não olha pra trás, vai”. É claro que meu coração disparou, e minha mente atarantada pareceu levar horas para processar aquela informação. Tive uma vontade quase incontrolável de olhar para trás e memorizar o número da placa mas eu apenas disse: “tudo bem”. Eu não ia arriscar desobedecer uma ordem expressa, afinal, balas atravessam paredes, carros, pessoas e eu jamais me colocaria num risco ainda maior por causa de um aparelho celular. Segui meu caminho, atordoado. Por uma estranha razão eu não me importava com aquilo. Eu estava feliz por ter sido apenas um telefone que eu facilmente poderia comprar outro. Entrei em casa ainda estupefato, mas muito longe de estar em estado de choque. Sentei na minha cama e numa prece silenciosa, agradeci a Deus por estar vivo e bem. Pensei na minha linda Rosana e agradeci mais uma vez por ela estar em casa e segura, longe desses marginais sociopatas com suas armas, assaltos e infanticídios. Lembrei de Gerson Brener e Marcelo Yuka que reagiram a um assalto e que foram salvos por, posso dizer, um milagre. Eu não queria entrar para a estatística. Mas sentirei saudades do meu aparelho, que tão pouco tempo ficou. Que ele possa servir para alegrar alguém e registrar em fotos e vídeos, momentos tão bons e inesquecíveis como os que eu tive.

2 comentários:

ain q triste anderson nem imagina quem tah comentando aqui neh kkkk, mas eh isso ai foi melhor eles terem
levado seu celular e ter deixado sua vidah neh ... Parabéns vc jah eh um poeta kkk ....

ah tah meu nome ali kkkk...desfarça kkk

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