Somos cinco. Marta, Francisco, Mari, Amauri e eu. Nos finais de semana às nove da noite, enquanto a cidade se prepara para as baladas intermináveis, nós nos reunimos para uma curta oração. Depois saímos, agradecidos pela proteção divina.
Foi a minha primeira vez, meu primeiro sábado como voluntário. Nossa primeira parada foi na rua Condessa de São Joaquim, no bairro da Liberdade, onde uma fila nos esperava lá fora. Somos uma equipe. Somos os parceiros da vida. Alimentamos os pobres, aquecemos os sem-teto e ajudamos os deprimidos. Fazemos isso porque é o que manda nossos corações. Não é obrigação. É desejo genuíno. Já estivemos do outro lado dessa situação e nossa missão é evitar que o pior aconteça. Ao menos estamos tentando.
Enquanto Mari e eu servimos pão com molho de tomate, salsicha e milho verde com batata palha e suco de maçã, a fila cresce e parece não terminar nunca. Não estou acostumado àquela cena. Mães com crianças de colo, juntas aos seus numerosos filhos, idosos, bêbados e drogados. Em uma cidade como São Paulo onde todos os postos de saúde distribuem gratuitamente preservativos para quem quer que seja, como podem haver tantos filhos das ruas? Não procuramos respostas, estamos ali para ajudar, não repreender. “Feliz aquele que alimenta os pobres”, diz nas Escrituras.
Na parte debaixo da ponte onde nossa van com comida está estacionada, Marta e Francisco distribuem cobertores, doados por pessoas generosas que simpatizam e apóiam a nossa causa. Nosso estoque não é muito mas vamos continuar.
Amauri é psicólogo e conversa agora com aqueles que estão comendo, recostados à grade. Alguns mal falam, ocupados demais com a comida, outros são atenciosos e agradecem, depois contam um pouco de suas vidas. Às vezes o que querem é apenas um ouvido atento. E se os parceiros da vida estão por ali, por que não descarregar tudo em cima de nós?
Terminamos nossa tarefa ali naquela noite. Temos que voltar para a missão Redentor, nosso quartel-general e abastecermos de suprimentos. Temos que agir muito rápido porque há outros com fome. Mas nosso trajeto é interrompido. Na ponte da Liberdade ao lado do shopping SoGo há uma moça sentada na grade olhando lá para baixo, para a avenida Radial Leste. Demora mas conseguimos convencê-la a não saltar e finalmente ela vai embora.
Nosso programa agora é levar mais pão com manteiga e chá quente na Praça da Sé. Outra fila nos aguardando. Há uma briga. Dois homens completamente bêbados. Um tem uma faca. E lá vamos nós de novo. Amauri, Francisco e eu. Não conseguimos convencer o homem com a faca a nos entregar a arma, mas ele se vira e vai embora escondendo a faca nas camadas de cobertores que leva sobre o corpo.
Um homem chora nas escadarias da catedral. Depois que alimentamos todos os que pudemos e nossos suprimentos se acabaram, estamos exaustos. Mas resolvemos nos sentar ao lado do homem que ainda não parou de chorar. Ele conta que acabou de terminar o casamento, e que ela era a vida dele e toda aquela conversa que estamos carecas de ouvir. Ele se anima por ter desabafado com pessoas que não vão criticá-lo porque nós cinco somos iguais a ele. Já passamos por isso também. Vamos embora.
Com os corações apertados outra vez voltamos para casa. Estamos juntos, ajudamos juntos, resgatamos juntos e damos esperança aos que não tem. Sempre juntos. Essa é nossa (e minha mais nova) missão. Juntos somos uma força poderosa. Nós somos os parceiros da vida.
Foi a minha primeira vez, meu primeiro sábado como voluntário. Nossa primeira parada foi na rua Condessa de São Joaquim, no bairro da Liberdade, onde uma fila nos esperava lá fora. Somos uma equipe. Somos os parceiros da vida. Alimentamos os pobres, aquecemos os sem-teto e ajudamos os deprimidos. Fazemos isso porque é o que manda nossos corações. Não é obrigação. É desejo genuíno. Já estivemos do outro lado dessa situação e nossa missão é evitar que o pior aconteça. Ao menos estamos tentando.
Enquanto Mari e eu servimos pão com molho de tomate, salsicha e milho verde com batata palha e suco de maçã, a fila cresce e parece não terminar nunca. Não estou acostumado àquela cena. Mães com crianças de colo, juntas aos seus numerosos filhos, idosos, bêbados e drogados. Em uma cidade como São Paulo onde todos os postos de saúde distribuem gratuitamente preservativos para quem quer que seja, como podem haver tantos filhos das ruas? Não procuramos respostas, estamos ali para ajudar, não repreender. “Feliz aquele que alimenta os pobres”, diz nas Escrituras.
Na parte debaixo da ponte onde nossa van com comida está estacionada, Marta e Francisco distribuem cobertores, doados por pessoas generosas que simpatizam e apóiam a nossa causa. Nosso estoque não é muito mas vamos continuar.
Amauri é psicólogo e conversa agora com aqueles que estão comendo, recostados à grade. Alguns mal falam, ocupados demais com a comida, outros são atenciosos e agradecem, depois contam um pouco de suas vidas. Às vezes o que querem é apenas um ouvido atento. E se os parceiros da vida estão por ali, por que não descarregar tudo em cima de nós?
Terminamos nossa tarefa ali naquela noite. Temos que voltar para a missão Redentor, nosso quartel-general e abastecermos de suprimentos. Temos que agir muito rápido porque há outros com fome. Mas nosso trajeto é interrompido. Na ponte da Liberdade ao lado do shopping SoGo há uma moça sentada na grade olhando lá para baixo, para a avenida Radial Leste. Demora mas conseguimos convencê-la a não saltar e finalmente ela vai embora.
Nosso programa agora é levar mais pão com manteiga e chá quente na Praça da Sé. Outra fila nos aguardando. Há uma briga. Dois homens completamente bêbados. Um tem uma faca. E lá vamos nós de novo. Amauri, Francisco e eu. Não conseguimos convencer o homem com a faca a nos entregar a arma, mas ele se vira e vai embora escondendo a faca nas camadas de cobertores que leva sobre o corpo.
Um homem chora nas escadarias da catedral. Depois que alimentamos todos os que pudemos e nossos suprimentos se acabaram, estamos exaustos. Mas resolvemos nos sentar ao lado do homem que ainda não parou de chorar. Ele conta que acabou de terminar o casamento, e que ela era a vida dele e toda aquela conversa que estamos carecas de ouvir. Ele se anima por ter desabafado com pessoas que não vão criticá-lo porque nós cinco somos iguais a ele. Já passamos por isso também. Vamos embora.
Com os corações apertados outra vez voltamos para casa. Estamos juntos, ajudamos juntos, resgatamos juntos e damos esperança aos que não tem. Sempre juntos. Essa é nossa (e minha mais nova) missão. Juntos somos uma força poderosa. Nós somos os parceiros da vida.
4 comentários:
Quantas vezes nós nos deparamos com essa situação e paramos para ajudar, ouvir.....
É uma situação tão comum como outra qualquer em nossa cidade...
Quantos de nós temos um parceiro(a) de verdade apenas para nos ouvir....
Dar a mão....
Ajudar....
Para refletir........
Se cada um de nós fizesse isso o mundo seria tão diferente,muita linda a Historia! apezar de sofrida, mais essa e a nossa realidade! beijos
Imagino q seja fatos reais, parabenizo vcs pela ação e q DEUS dê forças para continuar, pois ser um voluntário não é uma missao facil!!!Como fala no texto, é onde se vê de tudo, inclusive mta miseria...isso é mto triste, mais q bom q ainda existem pessoas de bom coração para tentar ajudar, pena q isso não é o suficiente...a culpa é pura e completamente de nossos grandes politicos!!!
Força, dedicação e esperança...
Grande abraço querido!!!
(...) ^^
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