Pátrio Poder

Está havendo uma disparidade na legislação brasileira. Reza o código civil que a responsabilidade de educação dos filhos compete primeiramente aos pais. Daí o dia de hoje (14 de julho de 2010) mal amanhece e nosso digníssimo presidente encaminha ao congresso um projeto de lei em que os pais não podem mais utilizar castigos físicos em seus filhos. Sou a favor. De acordo com as palavras do presidente “é possível fazer as coisas de forma diferenciada”. Sou a favor. Mas daí ele complementa: “se punição resolvesse o problema o país não teria tanta corrupção; beliscão é algo que dói”. Espere aí senhor presidente, tem algo errado aí. Não é um dado que se pode concretizar, mas será que se não houvesse uma educação mais enérgica da parte de alguns pais, não teríamos um número menor de delinqüentes (ou de deputados)? Pode ser que sim, tanto quanto não. Então me pego perguntando: “que forma diferenciada ele quer dizer?”. E fico imaginando os castigos aplicados pelos pais (pós-lei aprovada): “filho, como castigo por não ter ido bem na escola, fica duas tardes sem jogar o seu Playstation”, ou então, “por ter xingado sua irmã vai ficar uma semana de castigo, assistindo televisão à cabo mas sem direito a DVD”. E enquanto eu me racho de rir imaginando estas cenas, fico me lembrando da minha época de infância e adolescência onde os castigos eram severos, doíam e deixavam marcas por vários dias. Mas eu também me lembro que sempre antes de qualquer castigo, eu e meus irmãos éramos alertados sobre os nossos erros, e éramos instruídos a como fazer as coisas diferentes da próxima vez, para não ter que passar por aquilo de novo. E não foram poucas as vezes que eu odiei o meu pai e minha mãe por estarem me castigando. Mas eram coisas que logo passavam, e hoje me tornei quem sou justamente pela seriedade como eu era educado. Na minha época de infância o pau quebrava, mas nós tínhamos uma espécie de “consultoria” que nos mostrava onde estava o erro, como evitar aquele erro, e como aquele erro podia afetar nossa vida futura. Nem eu nem qualquer outro dos meus irmãos morremos por isso, tampouco nos tornamos pessoas ruins, revoltadas contra nossos pais ou com a socidade. Sou contra abusos e violência contra crianças e jovens, ao mesmo tempo que sou contra ser conivente com seus erros, já que a lei não permite uma medida mais enérgica da parte dos próprios pais, que essa mesma lei determina que sejam os tutores. E se estiver certo o ditado que “educação de casa vai à praça”, então fica mais fácil entender certos integrantes da política brasileira, que tanto se envolvem em sujeiras e tramóias, os (nas palavras do presidente) “bandidos travestidos de santo”. Parabéns senhor presidente. Parabéns.

4 comentários:

Só como "pãe" para compreender e muito bem o que voce postou... Bom seria se outras Leis fossem aplicadas as nossas crianças... Se seus pais tivessem condições reais de educação. Se tivessem condições de prover sustento com dignidade. Meu Deus, este homem, nosso presidente, é o Lula mesmo, aquele que disse crescer em dificuldade, na extrema pobreza?

Parabéns por sua objetividade e seu olhar singular sobre nossa vida de sobrevivência...

Este comentário foi removido pelo autor.

Muito obrigado pelo seu comentário. Mas atiça minha curiosidade saber quem você é

“Se punição resolvesse o problema o país não teria tanta corrupção; beliscão é algo que dói”.(Mas que punição????)
Também sou a favor da não violência com crianças e adolescentes ,porém,um castigo mais enérgico do que não poder jogar seu videogame preferido, não faria mal a ninguem.
Afinal se os pais não tiverem o direito de educarem com um puco mais de rigidez seus filhos, mas tarde a vida o fará e talvez seje bem pior do que os tapinhas que os pais foram proibidos de dar, e detalhe, sem a tal "consultoria", como você citou.

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