O Funk e a decadência brasileira

Uma crônica sobre o estilo musical que tomou conta do país.

A confusão pede carona - por Handerson Pessoa

O seu Gustavo Gomes é o taxista mais famoso do bairro. A dezoito anos se casou com a dona Simone, que é um poço de ciúmes do marido. Esses dias aconteceu uma coisa engraçada. O seu Gustavo tinha acabado de trocar as capas dos bancos do seu táxi. Tudo cinza claro e uma listra vermelha.Todos os dias pontualmente às sete e trinta da noite, o carro do seu Gustavo apontava na esquina. Era um ritual. Durante quinze anos era assim. E aconteceu que naquele fim de tarde, estava ele voltando para casa quando de repente uma moça acena. Quer fazer uma corrida....

Super Choque - por Handerson Pessoa

Já fazia quatro anos que o Tulio corria todos os dias pela manhã. Disposto no início a perder alguns quilinhos acabou gostando da idéia e pontualmente às seis e quinze da manhã lá ia-se ele a correr pelas ruazinhas de pedra do parque Guarapiranga. Numa dessas manhãs, depois de uma noite com uma das tradicionais tempestades paulistanas, Tulio não viu o fio que estava caído, resultado de uma árvore derrubada pelo vento. Quando viu já era tarde. Tentou se desviar mas acabou enfiando o pé numa poça d'água onde estava a ponta do fio. O choque alastrou-se...

Spanish Guitar - por Handerson Pessoa

Depois que todos os convidados se foram, e agora só há a sujeira dos restos de bolo, papéis e pedaços de salgadinhos da festa de trinta anos do Hugo, foi que a Lídia resolveu entregar o presente. Um envelope branco. Dentro há duas passagens para Auckland na Nova Zelândia. Ela sabe que o Hugo tem o desejo ainda não realizado de saltar de Bungee Jump de uma famosa ponte lá. O agradecimento? Um sorriso enorme, um beijo e uma abraço ao som de Tony Braxton cantando Spanish Guitar.Cinco de dezembro. Dez da manhã, horário local. Lídia vê lá de baixo com...

Porta Giratória - por Handerson Pessoa

Só faltavam cinco minutos para as quatro da tarde. E ainda faltavam dois quarteirões para chegar ao banco. Eu corria feito louco. Era véspera de final de semana e eu não podia deixar tudo para depois. Mais dois minutos, mais alguns poucos passos. Pronto. Agora é só passar pela porta giratória e: “Plim”. A maldita porta apitou. Dois seguranças policiais olharam para mim. Um negro enorme, corpulento com a mão direita no coldre. Do outro lado da porta, uma mulher. Era talvez a mulher mais bonita que eu já havia visto em toda a minha vida. Olhou para...

Paparazzi - por Handerson Pessoa

Jornal A Voz do Povo. Três e meia da tarde. Silvia Linhares acaba de entrar na redação com sua teleobjetiva presa por uma fita ao pescoço. Seu traje é tradicional. Jeans azul já bem puído, camiseta básica e o colete cáqui, que já está mais para marrom. Nos bolsos do colete os filmes com as fotos que levará para casa, trabalho extra, cerão. Mas que vai render a primeira página na edição de domingo. Coloca os pés sobre a mesa e relaxa tomando água gelada de uma garrafinha de plástico. Ela preferiria uma cerveja, mas sabe que não pode beber em horário...

Mas que espírito é esse?

Doutor Carlos há tempos quer desvendar este mistério: de uns meses para cá, sua carteira vem sendo subtraída, mas ele ainda não conseguiu saber quem está por trás disso. Já discutiu o assunto com a mulher e a filha, e delas também ouviu a hipótese mais provável: a empregada!A empregada está com eles a três anos e sempre esteve acima de qualquer suspeita. Dolores é o seu nome. Ela não mora com a família Silveira, mas todos os dias está na residência às seis horas da manhã. Sempre com uma Bíblia em uma das mãos e um terço na outra.Mas o doutor não...

Vinho Amargo - Parte II - por Handerson Pessoa

Eu já estava completamente dominado pelo sono e nem vi quando dormi na cadeira na frente do computador às duas e quinze da madrugada esperando aquele download interminável acabar. Meus amigos no Second Life já tinham desistido de esperar minhas respostas e já tinham voltado para o mundo real e o virtual teria que esperar.Bati meu braço no porta-lápis e então acordei. O download havia acabado. Quanta demora! O relógio do computador indicava três horas. Eu teria mais duas horas de sono precário, mas ia gastar mais alguns minutos ali porque havia...

Contra o tempo - por Handerson Pessoa

Quanto vale o tempo? Helga Kristjánsdóttir pensava nessa questão enquanto andava pela tranquila rua de Grandavegur em Reykjavik. Tinha acabado de brigar com o namorado. E enquanto pensava, uma moeda de 10¢ caiu do bolso da sua mochila e saiu rolando asfalto abaixo.Foi quando começou a pensar sobre o tempo. Quanto tempo essa moeda vai rolar antes de parar? Vai parar? Quanto tempo ela ia demorar para chegar a pé em sua casa? Quanto tempo iria se passar para que o namorado ligasse desesperado pedindo que ela reconsiderasse a decisão? Por que ela tinha...

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