Só faltavam cinco minutos para as quatro da tarde. E ainda faltavam dois quarteirões para chegar ao banco. Eu corria feito louco. Era véspera de final de semana e eu não podia deixar tudo para depois. Mais dois minutos, mais alguns poucos passos. Pronto. Agora é só passar pela porta giratória e: “Plim”. A maldita porta apitou. Dois seguranças policiais olharam para mim. Um negro enorme, corpulento com a mão direita no coldre. Do outro lado da porta, uma mulher. Era talvez a mulher mais bonita que eu já havia visto em toda a minha vida. Olhou para mim com aqueles olhos penetrantes e pediu que eu voltasse e tentasse mais uma vez.
“Plim”. Trinta segundos faltando para as quatro. Será que vai dar tempo? Passo a mão pelo cabelo numa tentativa desesperada que a segurança me deixe passar. Olho para o nome gravado no seu uniforme: Marília. Ela pede para que eu abra a minha bolsa. Não há nada suspeito ali e antes que eu consiga fechar o zíper da bolsa, a porta é liberada, para a minha alegria e a dos outros sete que estavam me esperando, com a mesma impaciência. Mal passo pela porta, e o cara que estava depois de mim, quer apressar tudo e gira a porta que bate nas minhas costas e me desequilibra. Minha bolsa cai, e de lá jorra um sem número de papéis bem em cima dos pés da Marilia. Ela olha para mim e se abaixa para me ajudar.
Aqueles cabelos louros embora preso pelo fecho do boné caem por sobre seus ombros e eu não posso simplesmente deixar de olhar. Papéis entram desordenadamente dentro da bolsa e para a minha surpresa quando ela pega uma das últimas levas de papel ela descobre a revista. Aquela revista masculina sugestiva que o Paulão me emprestou. “Essa modelo é muito bonita”, ela me diz. Meu coração foi a mil, ela percebeu. “É mesmo, mas você ganha disparado” eu falei, e nem acreditei que falei. Mas ela não diz nada, apenas olha para mim e dá uma piscadela com o olho direito. Meus pêlos eriçam. Não isso não pode estar acontecendo. A fila está pequena, só há agora mais dois na minha frente. Sinto um toque nas minhas costas, é a Marilia, que me diz: “Ainda tinha este papel que caiu da sua bolsa”, eu agradeço e olho o papel. Um nome e um número de telefone. Marília.
Sexta-feira. Nove da noite. Eu deveria estar em qualquer outro lugar, mas sinto que devo pegar o telefone e ligar. Ligo. Ela parece que já sabia que seria eu. Marcamos na minha casa às dez horas. Não diz nada, porque não há nada a ser dito, apenas nos beijamos com aquele desejo que parecia ter se acumulado há anos. Trocamos talvez meia dúzia de palavras e já estávamos no quarto. Exaustos pedimos comida japonesa num desses restaurantes delivery.
Ela, linda, dorme nos meus braços mas acordo sozinho. Procuro por Marília pela casa toda. Nenhum sinal. É sábado e o telefone dela só chama. Mal posso esperar pela segunda-feira para correr ao banco e vê-la só mais uma vez. Depois de muito se arrastar, o insano final de semana chega ao fim e na segunda de manhã corro para o banco. Ela não está lá. Foi demitida. Saio e paro num café, estilo francês. Uma mão venda os meus olhos e reconheço pelo cheiro. Marília. Ela me beija e diz que vai morar na minha rua. Na casa da frente. Falo para ela morar comigo. Ela declina, mas garante que vai me dar um monte de truques espertos para passar pelas portas dos bancos sem apitar. E assim um fetiche: uma policial, acabou virando realidade, graças a uma porta giratória, que nunca mais apitou.
“Plim”. Trinta segundos faltando para as quatro. Será que vai dar tempo? Passo a mão pelo cabelo numa tentativa desesperada que a segurança me deixe passar. Olho para o nome gravado no seu uniforme: Marília. Ela pede para que eu abra a minha bolsa. Não há nada suspeito ali e antes que eu consiga fechar o zíper da bolsa, a porta é liberada, para a minha alegria e a dos outros sete que estavam me esperando, com a mesma impaciência. Mal passo pela porta, e o cara que estava depois de mim, quer apressar tudo e gira a porta que bate nas minhas costas e me desequilibra. Minha bolsa cai, e de lá jorra um sem número de papéis bem em cima dos pés da Marilia. Ela olha para mim e se abaixa para me ajudar.
Aqueles cabelos louros embora preso pelo fecho do boné caem por sobre seus ombros e eu não posso simplesmente deixar de olhar. Papéis entram desordenadamente dentro da bolsa e para a minha surpresa quando ela pega uma das últimas levas de papel ela descobre a revista. Aquela revista masculina sugestiva que o Paulão me emprestou. “Essa modelo é muito bonita”, ela me diz. Meu coração foi a mil, ela percebeu. “É mesmo, mas você ganha disparado” eu falei, e nem acreditei que falei. Mas ela não diz nada, apenas olha para mim e dá uma piscadela com o olho direito. Meus pêlos eriçam. Não isso não pode estar acontecendo. A fila está pequena, só há agora mais dois na minha frente. Sinto um toque nas minhas costas, é a Marilia, que me diz: “Ainda tinha este papel que caiu da sua bolsa”, eu agradeço e olho o papel. Um nome e um número de telefone. Marília.
Sexta-feira. Nove da noite. Eu deveria estar em qualquer outro lugar, mas sinto que devo pegar o telefone e ligar. Ligo. Ela parece que já sabia que seria eu. Marcamos na minha casa às dez horas. Não diz nada, porque não há nada a ser dito, apenas nos beijamos com aquele desejo que parecia ter se acumulado há anos. Trocamos talvez meia dúzia de palavras e já estávamos no quarto. Exaustos pedimos comida japonesa num desses restaurantes delivery.
Ela, linda, dorme nos meus braços mas acordo sozinho. Procuro por Marília pela casa toda. Nenhum sinal. É sábado e o telefone dela só chama. Mal posso esperar pela segunda-feira para correr ao banco e vê-la só mais uma vez. Depois de muito se arrastar, o insano final de semana chega ao fim e na segunda de manhã corro para o banco. Ela não está lá. Foi demitida. Saio e paro num café, estilo francês. Uma mão venda os meus olhos e reconheço pelo cheiro. Marília. Ela me beija e diz que vai morar na minha rua. Na casa da frente. Falo para ela morar comigo. Ela declina, mas garante que vai me dar um monte de truques espertos para passar pelas portas dos bancos sem apitar. E assim um fetiche: uma policial, acabou virando realidade, graças a uma porta giratória, que nunca mais apitou.
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