No meu lugar

Houve um tempo em que eu achava que toda perda era um desastre. Fim de ano ruim, fim de trabalho chato, fim de namoro. Esses eram chatos pra caramba. E que fim é legal afinal seu Juvenal? Naquele tempo, eu sempre que uma relação que eu gostava mesmo terminava, eu ia pra casa chorar as pitangas, me afundar em litros de lágrimas e vodca, e de joelhos pedir aos céus que por favor fechassem meu coração para que ninguém nunca mais entrasse e deixasse um buraco do tamanho do mundo dentro dele. E daí como que num remake anual da minha vida moribunda, em todas as minhas férias o ciclo volta a se repetir. Paixões que se acabam sem conversa madura e franca, baseadas quase que somente em emoções, ou às vezes por falta de enxergar o que estava bem óbvio, mas que a gente como bom ser humano nunca preparado não vê. E os dias foram passando, e de repente eu comecei a perceber que ninguém precisa de ninguém para ser feliz. A gente é feliz e pronto. Com alguém ou sem ninguém. Não existe muita esperança em relacionamentos, só a esperança dos tolos. Aqui, na vida real, a coisa é um pouquinho mais diferente do que acontece na televisão. E daí que por tantas poucas e boas anteriores, acabei aprendendo o que nem todos aprendem: nascemos sós e morremos sós. Nada de melodrama ou de choros intermináveis por quem já se foi, ou quem na verdade nunca veio. Ou por quem trouxe o corpo mas não a alma. Lágrimas são preciosas demais para se gastar, ainda mais quando se não precisa gastar. Eu acabei de ter uma briga daquelas com quem eu estava saindo, ela disse que não dava mais e eu respeitei. É claro que briguei e muito respeitosamente para que isso não acontecesse, afinal, estávamos os dois certos e ao mesmo tempo os dois errados. Tudo bem bem eu me rendo, teve uma lágrima rápida, que veio e se foi, mas não de dor e sim de raiva. Quem se debulha em lágrimas e fica naquele lenga-lenga é culpado, quem é inocente simplesmente fica puto da cara, como eu fiquei. Há muita razão nas mulheres que ao terminar uma relação ou levaram um pé na bunda se acabam num shopping em compras. Faz um bem incrível, elas dizem. Renova-se a auto-estima. No meu caso, é o de sempre. O andar com o nariz empinado, livros e mais livros pra entulhar minha sala, e ela, sempre ela, a estrada que me abraça como que pedindo que eu não a deixasse nunca. Então é nessas horas que eu vou lá fora e nem ligando para o que os vizinhos vão achar ou reclamar que eu grito em alto e bom som um “vai se danar” do tamanho do meu universo. Não pra alguém em especial, e sim pra essa neura filha da puta que às vezes vem e quer estragar tudo. Vai estragar? Aqui não, seu João. Eu vou é cair na estrada, cantando bem alto “Vida bandida” do Lobão e mais alto ainda o refrão: “um tiro só não vai me derrubar não”. Afinal quem disse que a vida é fácil?

4 comentários:

Realmente fazer compra no shopping faz um bem danado depois de uma crise no relacionamento, mas acho que vc tem razão...As pessoas as vezes nem vem, somos nós que queremos demais acreditar que elas vieram...e vieram pra ficar.Quando descobrimos que precisamos de AMOR, ATENÇÃO,CARINHO,COMPANHIA..sofremos... Mas que isso nao nos impossibilite de "fantasiar" que dessa vez será perfeito....
Eu nao desisto nunca!!!! Quero sim um AMOR DE VERDADE!!!!
Vem cá será que sou normal....??? e daí se nao sou..QUERO UM AMOR VERDADEIRO!!!!!!!!
Andreáh

Haii que peninha de vc rsrsrs!!! Vc merece ou faz por merecer.

Quando essas coisa acontecem, realmente é muito ruim.Más em fim é normal e acontece com todo mundo.Temos más é que levantar a cabeça e partir pra outra, porque o mundo não acabou.
ps.más não são todas as mulheres que gostam de afogar suas lágrimas dentro de um shopping center...

"As vezes temos que dar mais valor para o que temos, não para o que as pessoas pensam , pq ai então podemos nos doar para uma relação sem cobrança e se tiver que terminar que venham muitas outras e outras............

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