O Funk e a decadência brasileira

Uma crônica sobre o estilo musical que tomou conta do país.

A Relíquia - Vol. I - por Handerson Pessoa

Fazia nove dias que o grupo de alunos da faculdade de historia da PUC-SP estava no Cairo, Egito, trabalhando nas escavações de uma importante relíquia que era procurada desde o século dezesseis. Após alguns acordos entre as embaixadas egípcia e brasileira, os pesquisadores entraram em ação e agora estavam localizados nas ruínas de uma antiga civilização.Dalton era o líder, o único que falava francês, e estava acompanhado de Márcia, Dora e Ronaldo. Há horas não viam a luz do sol, estavam muito profundamente abaixo do solo sendo guiados pela coragem...

A Relíquia - por Handerson Pessoa - Vol. II

Uma hora se passou e a chuva não cessava. Outra hora se foi, e mais outra. E outra. De onde estavam escondidos era possível ver a saída da gruta, por onde a água entrava às enxurradas. Tudo era visto pela luz das lanternas.- Desliguem as lanternas – Dora falou – não sabemos ainda quanto tempo ficaremos aqui, por isso, pouparemos as baterias. Apenas uma lanterna fica acesa.A temperatura começou a cair muito rapidamente e o vento que entrava parecia querer congelar os pulmões.- Dalton, você que é mais experiente que nós, diga-nos: já se ouviu falar...

Trote - por Handerson Pessoa

Desde moleque o Lucas já tinha começado a aprontar. Na lista das suas traquinagens, a que ocupava o topo era tocar a campainha nos muros alheios e sair correndo. Em segundo lugar era roubar a correspondência de caixas de correio para ler o que não lhe era devido. Juntou pilhas de revistas dos vizinhos que chegavam pelo correio e teve que queimar tudo quando seu pai descobriu.Com o passar do tempo, as brincadeiras eram mais ousadas. Aos quinze anos, apanhava o jornal no trabalho do pai e se concentrava...

Longe demais dos finais - por Handerson Pessoa

Chegou o último dia, e com ele, os últimos momentos. Sou um homem velho, sozinho e odiado, doente, sofrido e cansado de viver. Estou pronto para o depois, seja lá o que for. Deve, sem dúvida, ser melhor do que isso.Sou o dono do apartamento neste bairro luxuoso na qual sacada estou sentado agora. Tenho quatro filhos, um com cada uma das esposas que tive. E agora não sei quem eram os piores. Os filhos ou as ex-esposas? Provavelmente eu.Houve um tempo em que eu tive todos os meus desejos realizados:...

O crime quase perfeito - Vol. 1 - por Handerson Pessoa

Já passava das cinco horas da manhã quando o gato miou, passando os pêlos nas pernas brancas e finas do agora famoso escritor Ralph Sinclair. O nome do gato era Al e o senhor Sinclair tinha por ele um amor quase que de pai para filho, uma vez que o gato era seu companheiro mais próximo. Havia também uma tartaruga e uma samambaia, mas sem dúvida, Al recebia a maior parte da atenção do seu dono.Al colocou as garras para fora e miou ameaçadoramente para um pequeno pássaro que pousou na janela, piando, no momento que aqueles primeiros raios de sol...

O crime quase perfeito - Vol. 2 - por Handerson Pessoa

Nas cartas recebidas pela editora e nos programas de televisão qu Ralph Sinclair participava, a pergunta era a mesma: "Quem ganhou o prêmio?". Nunca houve prêmio algum e agora o boato que circulava era que Ralph Sinclair não passava de uma farsa e ganhava enormes proporções.Geena não estava mais lá, o dinheiro havia acabado e a Ocean agora com um novo máquinario rodou durante semanas a nova obra de Sinclair chamada A incrível batalha dos cabaleiros templários pelas ilhas de Tishman.Para colocar sua obra à venda era preciso um pouco mais de esforço....

O crime quase perfeito - Vol. 3 - por Handerson Pessoa

O senhor Sinclair, quarenta e três anos, após um café forte e certo que Al, seu gato estava longe da suas revistas ouviu um barulho na porta e sabia que a revista Year's Book de novembro havia sido atirada contra a sua porta. Abriu novamente na página trinta e oito da mesma forma que havia feito algum tempo atrás e contemplou o seu nome na posição vinte e sete. Estivera antes na posição duzentos e agora dera um grande salto.A algum tempo atrás também vendera sua casa, sua decadente e inoperante gráfica e editora Ocean por novecentos mil dólares....

A super quarta-feira - por Handerson Pessoa

Edmundo tinha vinte e nove anos e desde os nove fumava intermitentemente, nunca tentando largar o vício mas cuidando para não ficar viciado. Gostava das marcas famosas e sempre preferia as tradicionais. Eram onze e meia da manhã e Edmundo estava preocupado. Haviam apenas outros dois cigarros, nenhum dinheiro no bolso, nem na carteira, nem no banco. Fuçou todos os lugares onde talvez pudesse encontrar algum dinheiro. Cinquenta centavos foi tudo o que achou depois de longos períodos de procura entre...

O pombo atirador de elite - por Handerson Pessoa

A dona Neusa chegava a ser irritante com a sua mania de limpeza. Qualquer cisquinho pelo chão da sua sala limpa e asseada e lá vinha ela com sua vassourinha na mão. Sujeira por menor que fosse no seu carpete? Lá vinha a dona Neusa com uma vassoura de pia sava nas mãos. Não tinha aspirador. Carro então nem se fala. Era impecável. Completamente limpo, nenhum pó. Lavado de três a quatro vezes por semana, aspirado e perfumado. A dona Neusa não podia com bagunça, nem tampouco com sujeira.Participava das reuniões organizada por um grupo de psiquiatras...

A carteira - por Handerson Pessoa

O Fernando estava na área de lazer do shopping, comprando créditos para o seu cartão para as máquinas de fliperama quando o restante dos seus amigos resolveu ir embora. Já estava ali desde as quatro horas da tarde, e cinco horas depois se cansaram dos mesmos jogos. Mas não o Fernando. Lá estava ele de novo naquela moto. Sempre chegava em primeiro, no mínimo um segundo lugar. A carteira incomodava no bolso de trás da sua calça jeans, então ele a colocou perto do painel da máquina, ali perto do lugar onde tinha que passar o cartão.Primeiro lugar...

Serviço de bordo - por Handerson Pessoa

Para o serviço de bordo do vôo BR1021 da BRA, a comissária serviu como de costume um sanduíche de peito de peru, um bolinho com gosto de velho e um copo plástico com refrigerante quente de guaraná que parecia ter sido aberto na tarde do dia anterior. Seu nome era Paula Marques e a sete meses havia entrado para o time das comissárias.Seu trabalho era relativamente fácil. Depois de mostrar como se usavam os equipamentos em caso de falha da aeronave ( o que ela detestava porque parecia uma marionete em um espetáculo onde poucos prestavam atenção),...

O Troco - por Handerson Pessoa

Todo dia de finados chove. Pode reparar. Desde os oito anos de idade eu percebi isso e nos dezenove anos seguintes tem sido assim. É só amanhecer o dia dois de novembro que já começa. Se não for pela manhã é no final da tarde que o pranto sagrado resolve dar o ar da graça.E foi durante uma daquelas intermináveis chuvinhas que minha campainha tocou. Era o Júnior. Pálido, tremento de medo e de frio, com os olhos esbugalhados. Preparei um chá quente enquanto meu amigo tomava um banho e vestia uma das...

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