Vicissitudes Anacrônicas

Por esta eu realmente não esperava. E quando terminei de ouvir, completamente embasbacado, o queixo a poucos centímetros do meu peito e a boca aberta, eu soltei uma gargalhada sonora. Só consegui dizer: “é mesmo verdade?” e após a confirmação dela eu finalizei o assunto com o vago: “sem comentários”.
Essa minha amiga (que eu não irei revelar o nome por motivos óbvios) estava me contando que finalmente havia encontrado o seu príncipe encantado, e que agora havia achado a solução perfeita para o seu casamento se tornar perfeito. A solução era na verdade bem simples: haviam se ”casado” a dois meses, mas vivem em casas separadas. Eu já havia ouvido esse tipo de idéia, mas confesso que nunca tinha visto ninguém colocar este plano em ação.
Duas coisas me chamaram a atenção naquela conversa: a primeira foi que o tal casamento já havia acontecido há dois meses. Na verdade não foi um casamento. Eles simplesmente resolveram ajuntar os chinelos debaixo da cama. E no caso dela é ainda mais complicado, já que é o quinto “casamento” dela em doze anos. Dá pra acreditar? Cinco!
A segunda coisa foi a falta de compromisso. Não me importa os predicados que recebo ou receberei por dizer isto, mas, sinceramente, acho que este tipo de relação é uma tremenda falta de compromisso. Já que é para fazer, faça completo, faça bem feito, faça direito. Vejo pessoas vivendo uma relação de concubinato a dez, quinze, vinte anos ou mais. Ainda não entendo por que não se casam de verdade uma vez que oficializar a relação não trará mudança alguma às suas vidas. Ou trará.
Estamos vivendo em um mundo, uma sociedade onde os valores morais se tornaram anacrônicos. Homens não querem assumir mais este tipo de relação, porque “se não der certo, a gente separa”. Mulheres não querem se comprometer, porque “se casar de verdade fica mais caro e trabalhoso para divorciar”.
Muitas pessoas querem se envolver, mas poucas querem se comprometer. É muito mais fácil viver uma relação de mentirinha. É mais fácil angariar o rótulo, mas viver de verdade o compromisso é outra história.
Fui criado em uma família tradicional que sempre pregou o fundamentalismo. Talvez seja por isso que em pleno século vinte e um eu ainda tenha me apegado a estes antigos conceitos. Continuo achando que o casamento é uma dádiva que deve ser contemplada de maneira certa, de acordo como manda o figurino e não uma loteria, um jogo de azar como muitos hoje estão encarando.
Por isso estranho este tipo de casamento “moderninho”, onde o homem e a mulher se encontram esporadicamente para se satisfazerem sexualmente, para resolver algumas coisas de ordem pessoal e financeira e pronto! “Agora meu amor, vá para a sua casa que eu irei para a minha”.
Esse tipo de relação não dá. Não para mim. Acho estranho. Viver apenas os momentos bons, esse é o lema. Na hora que os problemas fazem surgir os torvelinhos, “então meu amor, melhor resolvermos isso assim, separados”. Está na hora de mudar o discurso do “casamento”. Talvez ficasse melhor assim: “na saúde, na alegria, na riqueza e na felicidade, até que o tédio os separe”. As partes chatas deixamos par os tradicionalistas. Eu devo mesmo ter nascido na época errada. Ou então não estou no planeta certo.

3 comentários:

Oi Anderson...
Bacana ler algo que combina com pessoas como eu. Concordo plenamente com o exposto e acho que casamento tem que ser tradicional e para todos os momentos...um encontro em que duas pessoas para se completarem e ser cumplices em todos os acontecimentos da vida um do outro...
Graziele Reis

Eis-me aqui meu amigo para compartilhar contigo da mesma opinião e ainda que sejamos apenas dois em meio a uma grande multidão, prefiro ser rotulada de quadrada, isso mesmo quadrada, antigona, antiquada, do que seguir as diretrizes de uma sociedade que a cada dia que passa se afasta mais e mais dos primórdios que o nosso Pai nos ensinou. Casamento não é artigo de loja ou supermercado. Algo que compramos, provamos e se não gostamos simplesmente trocamos ou descartamos como copos. Esqueceram-se que nós não somos perfeitos como a mídia, revistas e tantos outros meios de comunicação tentam repassar.E que essa “moda” ou diria “mal do século” de que se não der, separa...Esta fazendo as pessoas esquecerem o motivo principal pelo qual se uniram,que é O AMOR.Amor esse que a bíblia narra de forma especial através do apóstolo Paulo aos Coríntios e que diz:
O amor é paciente, é bondoso; o amor não é invejoso, não é arrogante, não se ensoberbece, não é ambicioso, não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não guarda ressentimento pelo mal sofrido, não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
(Carta de S. Paulo aos Coríntios)
Para aqueles que estão pensando em desistir do matrimônio, por acreditar ter feito a escolha errada, ou achar que essa moda de casar e separar pode ser o ideal para sua vida, procure orientação naquele que nunca erra, que tudo sabe e certamente tem algo especial para cada um de nós. Quando puder, pare alguns minutos pelo menos do seu dia e reserve-o para um momento de intimidade e reflexão tua com Deus. Garanto-lhe que a satisfação é certa e o resultado IMEDIATO... A Graça e a paz do senhor Jesus pra todos que lêem este blog e um abraço e um beijo todo especial para o meu escritor Anderson e autor deste espaço que é a sua cara heim. xêro.Tourist Police

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